Uma forte massa de ar polar atingiu o Paraná e as regiões Sudoeste, Centro-Sul e Oeste tiveram geadas que variaram de fraca à forte intensidade. As informações preliminares do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento antecipam que poderá haver quebras de produção nas lavouras de feijão. Os cereais de inverno, como trigo e cevada também foram atingidos.
Um levantamento mais detalhado dos estragos provocados por essa geada só será divulgado na semana que vem, informou a engenheira agrônoma Vera da Rocha Zardo. As temperaturas mais baixas, que provocaram as geadas, foram registradas em Palmas, com -9ºC, Guarapuava, com -2ºC, distrito do Entre Rios, com -4ºC. Em Pato Branco, a temperatura caiu para -4ºC, a menor temperatura registrada no mês de setembro desde 1969, informou o agrometeorologista Agenor Santa Rita, do Deral.
Nos municípios da região Oeste como Cascavel, Toledo e Palotina, as temperaturas atingiram 3ºC no abrigo e 0º no campo. Nas regiões Norte, Noroeste e Norte Pioneiro não houve a ocorrência de geadas. O técnico não acredita que as geadas deverão se repetir hoje, "exceto nas regiões de baixadas", salientou.
O feijão plantado no Paraná estava com 45% da área prevista (380 mil hectares) plantada. As lavouras atingidas estavam desde a fase de germinação até desenvolvimento vegetativo. As lavouras do Sudoeste e da região Centro-Sul, onde se concentrava o plantio podem ter sido as mais atingidas.
O trigo e a cevada plantados na região de Guarapuava também podem apresentar quebras, admitiu a técnica. "A intensidade disso só saberemos a semana que vem", afirmou. O município de Guarapuava planta cerca de 28 mil hectares de trigo, que representa 3% da área total plantada no Estado (842 mil hectares). No total do Estado, 61% da área plantada estava em maturação, 20% em frutificação, 12% em floração e 7% em desenvolvimento vegetativo.
Outra cultura que pode ter sido afetada é o milho da primeira safra (2001/2002), que já se encontrava com 13% da área prevista no Paraná (1,55 milhão de hectares) plantada. Nas regiões onde as geadas foram mais fortes, pode até não ter ocorrido quebras, "mas o fator climático paralisa o crescimento" explicou a técnica.
Na avaliação de Vera Zardo, o produtor não estava mais esperando por geadas este ano, porque já está chegando o período da primavera e a temperatura vinha se mantendo amena. Diante disso, o produtor vinha intensificando o plantio de milho e feijão. O plantio de feijão estava adiantado em Francisco Beltrão, Guarapuava, Cascavel, Toledo e Ivaiporã.
O mercado não registrou altas significativas em função das geadas. As reações geralmente aparecem após o levantamento técnico. As oscilações de preços mais evidentes como no caso do feijão, deve-se ao período de entressafra, justifica a técnica.