Muitos caminhoneiros que esperam para fazer o descarregamento nos terminais do Porto de Paranaguá (Litoral do Estado) podem passar o feriado de Páscoa longe de casa. A fila na BR-277 e nos pátios de espera do porto ainda é grande. Mesmo com o acordo feito entre o governo e o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam-PR), o clima é de descontentamento e revolta.
Carlos Airton de Souza, que veio de Cascavel e está há mais três dias parado, disse que sua impressão era de que a situação, depois do acordo, havia ficado ainda pior. "Está uma desorganização total. Antes, ficava 24 horas parado e, em seguida, liberava para descarregar. Eu já estou há 38 horas e nada."
Para ele, o acordo também não teve efeito na questão financeira. As transportadoras não estão pagando os R$ 0,40 de estada/por tonelada. Souza espera conseguir descarregar as 26 toneladas de soja até a noite de hoje ou, o mais tardar, amanhã pela manhã.
Alguns caminhoneiros também se queixaram da falta de informação. Walter Klitzki, de Ponta Grossa, afirmou não saber exatamente o que havia sido decidido no acordo. Na espera desde a última segunda-feira, Klitzki tinha esperança de descarregar ainda na noite de ontem. Para ele, o valor da diária não importa. "Vinte e cinco ou quarenta centavos, não faz muita diferença. Se eu não estivesse parado, poderia estar ganhando muito mais."
Edson Aparecido Mendonça, de Rancharia (SP), tem a mesma opinião. "Compensaria se fosse R$ 0,70. Da diária de R$ 0,40 o sindicato fica com 15%. Se as transportadoras concordarem em pagar esse valor, na prática, a gente vai ganhar os R$ 0,25 mesmo."
O motorista Norve Agostini, de Cuiabá, estava desolado. Quando saía do pátio de espera para se dirigir ao porto, acabou tombando sua carreta, com as 40 toneladas de farelo de soja que transportava. Agostini já estava há três dias na espera e afirmou precisar de pelo menos mais dois para descarregar e carregar novamente o caminhão.