Os prejuízos nas lavouras de trigo causados pela chuva excessiva no Paraná foram discutidos pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Faep (Federação da Agricultura do Paraná), e Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), durante reunião realizada nesta quinta-feira (10), no auditório da Seab. Também participaram técnicos de institutos de pesquisas, representantes de seguradoras e de produtores rurais.
O diretor técnico da Faep, Pedro Augusto Loyola, abriu a reunião lembrando que as condições meteorológicas foram atípicas e adversas para a cultura do trigo em 2009, e que esta safra, além das dificuldades climáticas, enfrenta uma crise internacional de preço e de mercado, e a propagação de doenças.
"Esse ano o excesso de chuva coincidiu com o período do espigamento e se estendeu durante a formação de grãos, considerada uma das fases mais críticas para a definição da produtividade, e interferiu no manejo para controle de doenças como o brusone", explicou o representante da Faep.
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Em função do excesso de chuva, a safra deste ano deverá ser menor que a prevista, segundo o diretor do Deral (Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura), Francisco Simioni. "A safra será menor que a prevista e haverá impacto na qualidade e na produtividade. E isto consequentemente vai acabar interferindo nos preços", ressaltou.
Um levantamento realizado pela Embrapa revela que dos 1,3 milhões de hectares semeados com trigo no Paraná, pelo menos 780 mil hectares, o equivalente a 60% da área, poderão sofrer prejuízos de até 80% devido ao excesso de chuvas.
O pesquisador do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), Gustavo Hiroshi Sera, apresentou os dados pluviométricos dos últimos meses demonstrando o excesso de chuvas. Em junho, segundo ele, choveu 108 mm, sendo que a média histórica é de 89 mm. A média histórica para julho é de 64mm, mas choveu 244 mm, quase quatro vezes mais. Já o mês de agosto registrou precipitação de 80 mm, também acima da média histórica, que é de 53 mm. "Esse ano foi uma condição atípica, e o mês de julho registrou o maior índice de chuva medido pelo Iapar, desde 1.976", disse o pesquisador.
Seguro agrícola - A preocupação maior dos produtores no momento é com a cobertura do seguro agrícola. A safra está segurada para adversidades climáticas, mas não contra as doenças. Na situação atual, fica difícil confirmar se as doenças provocadas na cultura, como a Brusone são decorrentes do excesso de chuva. Nesse sentido, as entidades reunidas decidiram emitir uma nota técnica que deixe claro essa peculiaridade provocada por tanta chuva. A nota vai ser feita com base em pesquisas oficiais elaboradas pela Embrapa e pelo Iapar, que deve ser encaminhada ao Banco Central na próxima semana.
Convidado para participar do encontro, o diretor comercial da Aliança Seguradora, Wady José Mourão Cury, destacou que os fatos demonstrados não se discutem, e que há uma diversidade de situações, entre elas a de agricultores que controlaram a doença e de outros que não conseguiram controlar. "O documento a ser elaborado tem que partir do princípio de que as dúvidas devem ser esclarecidas. As seguradoras querem compreender o fato e serem justas dentro do possível", justificou Wadi Cury, cuja empresa é responsável pelo seguro de 20% da produção paranaense de trigo.