Os técnicos em Defesa Animal dos Estados da Região Sul e de São Paulo, além de representantes do Ministério da Agricultura começaram a discutir ontem a possibilidade de criar um corredor sanitário para escoamento de animais e derivados de carne do Rio Grande do Sul para as demais regiões do País. O trânsito é controlado por barreiras desde a descoberta de focos de febre aftosa no rebanho de gado do município gaúcho de Jóia, no ano passado. A interdição se intensificou com a ocorrência de novos focos na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai,no mês passado.
O corredor sanitário foi o principal ponto de discussão da reunião que os técnicos fizeram ontem na Secretaria da Agricultura do Paraná, em Curitiba. Estiveram presentes representantes de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. O grupo gaúcho, que traria um relato das ações que estão sendo feitas para conter o avanço da aftosa, teve problemas para chegar em Curitiba. O vôo atrasou e a reunião foi transferida da manhã para a tarde.
As conclusões do trabalho que indicariam a possibilidade de se criar o corredor sanitário dependiam de um posicionamento dos técnicos do Rio Grande do Sul. "Qualquer decisão a ser tomada depende do depoimento dos técnicos gaúchos, que dirão o momento oportuno e a necessidade de se criar o corredor. Eles definirão quais ações teremos que tomar", disse o coordenador de Defesa Sanitária Animal da Secretaria de Agricultura do Paraná, Felisberto Baptista.
O corredor teria uma série de restrições. Só seria permitida a entrada de animais após quarentena e eles seriam inspecionados e monitorados. A abertura só se daria após o controle absoluto da doença nas fazendas gaúchas. Se aprovada, a idéia seria encaminhada aos secretários de Agricultura e ao Ministério.
Baptista também ressaltou que os demais Estados estão dispostos a oferecer auxílio técnico ao Rio Grande do Sul, o que inclui o envio de pessoas especializadas e equipamentos de apoio. Na reunião, seria definida uma estratégia de combate ao avanço da febre aftosa.
Outro assunto abordado na reunião foi a volta da vacinação do rebanho em Santa Catarina, Estado que junto com o Rio Grande do Sul estava prestes a receber a certificação da Organização Internacional de Epizootíase (OIE) de área livre de febre aftosa sem vacinação. O título será negado se o governo catarinense autorizar a volta da vacinação. "Santa Catarina deve manter a posição de não vacinar seus rebanhos", diz Baptista.
Já o Paraná vive situação diferente, pois ainda é obrigado a vacinar o gado contra a aftosa. O Paraná e os demais Estados do Circuito Centro-Oeste conquistaram a certificação, em maio do ano passado em Paris, sede da OIE.
Para obter o certificado de área livre sem vacinação, o Paraná vem mantendo um rigoroso controle sanitário. A vacinação atingiu no ano passado, 98,5% de cobertura do rebanho e este ano, a meta é vacinar todo o gado. A campanha começou no início do mês e vai até o dia 30. A orientação é para que os grandes produtores auxiliem os pequenos na imunização dos rebanhos. O Paraná tem aproximadamente 10 milhões de cabeças.
Tanto a existência de focos de aftosa quanto a vacinação do gado prejudicam a comercialização da carne dos animais suscetíveis (bovinos, bubalinos, suínos e outros animais de casco partido). Países da Europa suspenderam a importação de carne brasileira, na semana passada, após confirmação da volta da doença no Rio Grande do Sul. Santa Catarina também já registra prejuízos. A Rússia anunciou na semana passada, a suspenção da importação de carne suína.