Rural

Engenheiros lançam campanha contra transgênicos

30 jul 2001 às 19:11

O Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) alerta os produtores rurais para que não plantem a soja transgênica, mesmo que o plantio seja liberado pelo Ministério da Agricultura. O diretor do sindicato, engenheiro agrônomo Luiz Carlos Balcewicz, alerta que a propalada redução de custos no plantio da soja transgênica é uma falácia.

"Toda vez que se incorpora tecnologia na produção com o objetivo de provocar redução de custos, há um aviltamento nos preços", destaca. Foi assim com o frango, com o milho, ovos e leite, avisa o agrônomo.


Para conscientizar os produtores, o Senge está lançando a campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos", que tem como objetivo destacar os potenciais prejuízos que representam a liberação da soja transgênica. Segundo Balcewicz, a partir do momento que o produtor começar a adquirir a semente resistente ao glifosato Rondup Ready, vai pagar royalties à multinacional que detém a patente, e que "não será barato", avisa.


Balcewicz esclarece que o Sindicato dos Engenheiros não é contrário à evolução da tecnologia. "O sindicato é contrário à dependência tecnológica, ainda mais vinculada a uma multinacional", justifica.


O engenheiro destaca que a produtividade de soja no Paraná é uma das mais altas do mundo, igualáveis aos rendimentos da soja norte-americano, sem recorrer à tecnologia dos transgênicos. "Isso significa que o produtor está utilizando todo o arsenal tecnológico existente no mercado, sem ficar dependente", destaca.


Além da dependência tecnológica, Balcewiz lembra que ainda não há clareza sobre os resíduos que o plantio de soja transgênica pode provocar no meio ambiente. "A partir do momento que se usar bastante o glifosato, não se sabe o tipo de mutação que vai provocar no meio ambiente". De acordo com o agrônomo, pode surgir uma erva daninha de alta resistência e o Roundup ready pode se tornar totalmente ineficaz.


Balcewicz alerta ainda contra os efeitos da tecnologia à saúde humana. Ele não descarta o risco de efeitos colaterais como aconteceu nos Estados Unidos com o variedade de milho transgênico "Starlink", que provocou alergia em 10% da população que consumiu o produto.

Por fim, Balcewicz chama a atenção dos agricultores paranaenses para a preferência dos consumidores europeus pela soja convencional. O agrônomo lembra que as exportações de soja transgênica dos Estados Unidos e Argentina estão reduzindo, enquanto as exportações de soja brasileira para a Europa estão em alta.


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