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Sem agrotóxico

Cultivo orgânico garante morangos com qualidade

Redação - Folha de Londrina
07 ago 2003 às 17:54

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Apontado como o grande vilão da fruticultura pelo alto teor de resíduos de agrotóxicos que acumula, o morango não quer perder a soberania como o fruto que agrada a todos os paladares. Pela cor intensa, textura macia e aroma agradável, há quem lhe dê o título de fruto da paixão.

No mês passado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um estudo realizado com diversas frutas, verduras e legumes que pôs os consumidores em alerta. As amostras colhidas em supermercados de Curitiba, Recife, São Paulo e Belo Horizonte mostraram que 81,2% dos alimentos continham resíduos de agrotóxicos. Trinta e quatro amostras, ainda, continham resíduos de agrotóxicos não autorizados para a cultura em questão.

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Os índices mais alarmantes foram encontrados no morango: 50% das amostras pesquisadas apresentaram resíduos irregulares, com índices muito acima do limite máximo permitido pela legislação.

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Os piores inimigos da cultura, segundo o engenheiro agrônomo da Emater de Pinhalão, Edson Roberto Vaz Ronque, são as doenças causadas por fungos. Pelo custo elevado e o trabalho que o morango exige, há produtores preferem garantir a safra com muitas aplicações de fungicidas.

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A boa notícia é que nos últimos quatro anos, experiências realizadas por fruticultores, mostram que é possível o cultivo orgânico do morango. Sem o risco de resíduos tóxicos, a cultura permite os mesmos índices de produtividade, tamanho e qualidade do fruto como na cultura convencional.


Em Londrina, o produtor e engenheiro agrônomo Eli Moritz, depois de quinze anos no plantio convencional, colhe sua quarta safra de morangos orgânicos e, apesar de admitir que o cultivo exige mais atenção, não esconde a satisfação com os resultados obtidos. Ele possui uma área plantada de dois mil metros quadrados e diz que o melhor período de colheita ocorre durante o mês de agosto. Mas, antes mesmo de atingir o pico de safra, a produtividade da lavoura de morangos de Moritz já é de 600 bandejas por semana.

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O produtor confirma que os fungos são as principais ameaças que o morango possui. Para o controle Moritz trabalha com plantas de qualidade e solo rico em nutrientes. ''Plantas sadias enfrentam sozinhas seus inimigos'', garante. Há casos em que o tratamento exige a retirada de folhas e frutos doentes para que o mal não se espalhe.


''Solo bem preparado é a garantia de uma boa produção'', continua o produtor. Para isso, a recomendação é utilizar os ''recursos que a natureza oferece''. O plantio em áreas alternadas, como explica, permite que sempre se tenha canteiros em pousio. O desenvolvimento de plantas invasoras permite a formação de matéria orgânica, além da contribuição das raízes na agregação do solo. ''O terreno fica poroso, arejado e com melhor liberação de nutrientes'', destaca.

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Quando é preciso a complementação de nutrientes naturais no solo, Moritz usa materiais como pó de pedra (basalto) e leite de cal. Ele recebe consultoria da Fundação Mokiti Okada - entidade que incentiva a produção de orgânicos - e utiliza ainda produtos naturais como os microorganismos eficientes (EM) e o bokashi, desenvolvidos pela fundação.


O EM é um solução de microorganismos que acelera a decomposição da matéria orgânica e incentiva a ação de outros microorganismos na terra. O bokashi é um mistura de vários farelos, como o de cereais, oleaginosas e farinhas de origem animal, que estimulam a fixação e ativação do EM no solo.

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Além das doenças provocadas por fungos, Moritz destaca que o descontrole do clima prejudica a cultura, provocando a ocorrência de mais doenças e diminuindo a produtividade. O morango gosta de temperaturas baixas. O frio induz a floração e a consequente produção de frutos. Na avaliação do produtor, a permanência de temperaturas atípicas no inverno pode inviabilizar a cultura aqui na região. ''Há produtores convencionais que já estão desistindo, pois o aumento nas aplicações dos funcigicidas encarecem o custo de produção'', informa.


Moritz critica a agricultura convencional dizendo que a adubação dos solos parte do princípio de que a terra não tem nada a oferecer. Na agricultura orgânica, ao contrário, a técnica consiste em tratar os microorganismos existentes, dando-lhes condições de promover o equilíbrio no sistema produtivo. ''Quando tratamos a origem dos problemas não temos que nos preocupar com efeitos'', atesta.
Serviço:

Os morangos e as geléias produzidas por Eli Moritz podem ser encontrados nas quatro lojas de orgânicos existentes em Londrina e em um sacolão da Rua Ibiporã.


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