A principal dúvida dos deputados estaduais que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Alimentos, quanto à prática dos supermercados é a forma como as grandes redes contabilizam os descontos que ganham dos fornecedores. Os deputados já descobriram que as grandes redes cobram até 33 itens de desconto dos fornecedores.
O que os deputados ainda não conseguiram arrancar dos depoentes é a forma como esses descontos aparecem, se é que aparecem, na contabilidade das empresas. Ao receber um produto, o supermercado recebe também a nota fiscal. Porém, depois que essa nota é emitida o fornecedor dá alguns descontos ao supermercado. Como o pagamento aos fornecedores é feito direto em conta-corrente e não através de duplicatas, não se sabe se os mercados se creditam de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre o valor da nota fiscal inicial, ou sobre o valor efetivamente pago.
Nos depoimentos desta terça-feira, nem o representante do Wal-Mart, nem do Sonae e nem do Carrefour souberam responder a essa questão. Para o relator da CPI, deputado César Silvestri (PPS), a cada novo depoimento ganha mais força a idéia de que pode existir uma grande rede de sonegação de impostos através da maquiagem das margens de lucro.