Rural

Cooperativas se defendem de acusação de fraude

19 jan 2001 às 10:57

As cooperativas que tinham ações da Eximcoop S/A Exportadora e Importadora de Cooperativas do Brasil não são citadas na denúncia feita pelo grupo japonês Itochu Corporation, sócio majoritário da empresa, ao Ministério Público Federal. A afirmação é do presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Tibagi (Valcoop), Henderson José Figueira. Como sócias minoritárias, essas cooperativas não tinham acesso às decisões e informações que levaram o grupo a pedir a autofalência da Eximcoop.

São sócias minoritárias a Cooperativa Regional Mista de Cambará Ltda (Coopramil), Cooperativa dos Cafeicultores da Média Sorocabana (Coopermota), de Cândido Mota (SP); Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia (Carol), de Orlândia (SP); Cooperativa Agrícola Sul Matogrossense (Copasul), de Naviraí (MS); Cooperativa Agropecuária Rolândia Ltda (Corol), de Rolândia (PR); e Cooperativa Agropecuária Vale do Tibagi (Valcoop), de Londrina (PR).


O presidente da Valcoop explica que as cooperativas não exportavam soja através da Eximcoop. "Nós vendíamos a soja para a empresa, assim como vendíamos para o mercado, de acordo com o preço oferecido. A Eximcoop não fazia exportação para a Valcoop", reafirma. Ele ressalta ainda que a Eximcoop era sociedade anônima e como tal tem seus sócios majoritários, responsáveis pelo gerenciamento e decisões empresariais.


O presidente da Coopramil, Paulo Leal, também reiterou que a cooperativa de Cambará como minoritária não participa da gestão de negócios da Eximcoop. Ele se queixa das informações divulgadas na imprensa: "De vítimas passamos a ser acusados", desabafa. Paulo Leal disse também que aguarda a apuração dos fatos e a punição dos culpados.


O sócio majoritário da Eximcoop é o grupo Itochu, que adquiriu 51% das ações, no início de 99. A partir de então, a Valcoop passou a ter 1,88% da ações; a Coopramil, apenas 0,13%; a Corol, 11%; e a Coopasul, 5,11%. A reportagem da Folha não conseguiu informações sobre a participação acionária das outras duas cooperativas. Há informações extra-oficiais de que a Carol teria 30% e o restante ficaria com a Coopermota.


Pouco menos de dois anos após adquirir a maioria das ações da Eximcoop, o grupo japonês pediu a confissão de falência da empresa, acusando ex-administradores, conselheiros e funcionários de fazerem depósitos indevidos, desde 93, em contas pessoais no exterior. O total desviado, segundo a acusação, é de US$ 6,6 milhões.


Entre os citados na denúncia estão o presidente da Carol, José Oswaldo Galvão Junqueira, e o vice-presidente, Miguel Abrão, que eram diretores da Eximcoop. Eles negam qualquer desvio. Miguel Abrão informou, em entrevista recente à Folha, que ele era diretor sem função definida e que seu pró-labore era determinado pelo Conselho de Acionistas da companhia.

O grupo Itochu pediu ao Ministério Público investigação para apurar suspeitas de crime de subfaturamento nas exportações de soja, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. O MP vai designar um delegado para chefiar as investigações.


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