Rural

Consórcio reduz custo de produção do boi

17 jun 2003 às 21:22

Na pecuária bovina, investir em tecnologia é fator determinante para reduzir custos e aumentar a lucratividade. Um consórcio formado por três fazendas paulistas colocou na ponta do lápis os gastos com o rebanho, desde a inseminação das vacas até o abate dos animais. Ao final de 31 meses, teve uma grata surpresa: o custo por arroba foi de apenas R$ 23,82, bem abaixo do valor normalmente aceito pelo mercado, de R$ 34,00 a R$ 40,00.

O projeto desse consórcio, denominado TAB 57, teve o objetivo de intensificar o uso do solo, reduzir custos e melhorar o ganho de peso por animal. Foram utilizados animais de genética superior e cruzamento industrial. O abate ocorreu aos 19,5 meses, com peso médio de 17,6 arrobas e aproveitamento de carcaça de 56,1%.


Durante todo o projeto, os animais foram tratados com capim e com sal mineralizado. A ocupação média foi de 2,28 animais adultos por hectare - número três vezes superior à média paulista.


''É um custo muito baixo'', analisou o pecuarista Euclides José Formighieri, de Cascavel. Bastante tecnificado, o criador obtém um custo de produção de R$ 33,00 a R$ 34,00 por arroba, o que já é considerado positivo para o setor. Com o boi gordo cotado a R$ 52,00 por arroba, no Paraná, ele alcança lucro de até R$ 19,00 por cada 15 quilos.


Para conseguir esse resultado, Formighieri investe em confinamento e mantém uma média de ocupação de 2,5 animais por hectare. Recentemente, fez a desmama de 644 bezerros machos que, com oito meses, apresentaram peso médio de 260,57 quilos. ''A média é 180 quilos'', comparou, acrescentando que um dos segredos é oferecer pasto e água suficentes, além de investir na seleção dos animais e cuidar do manuseio e da sanidade do rebanho.


Ele explicou que os bezerros com 270 quilos ou mais, ao oito meses, vão direto para confinamento, onde ficam até os 15 meses para serem vendidos com 18 arrobas. Os animais com menos de 270 quilos vão para a recria e entram no confinamento aos 18 meses, para serem vendidos entre 20 e 24 meses. ''Quem engorda a campo vende os animais com mais de três anos'', disse.


A boa margem de comercialização dos pecuaristas mais tecnificados não surpreendeu o economista Gustavo Fanaya, do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne). ''Não tem nada de errado. A atividade tem que ser rentável'', opinou. Para ele, essa diferença entre custo e preço do produto indica que há espaço para a flexibilização do preço da carne, que já caiu R$ 6,00 desde dezembro passado.

Ele informou, ainda, que na cadeia produtiva da carne a margem do frigorífico é inferior a 5%. Os distribuidores acrescentam 10% sobre o preço e os varejistas, mais 40% a 50%. ''O lucro, porém, depende da escala de vendas'', comentou.


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