Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) chegaram a conclusão de que 60% da área semeada com trigo no Paraná poderá sofrer prejuízos de até 80% devido o alto volume de chuvas durante a safra. Pelo levantamento, o clima excessivamente úmido pode provocar perdas em uma área de 780 mil hectares dos 1,3 milhão de hectares semeados com o cereal. O fato pode provocar falta do produto no país já que o Paraná é o maior produtor brasileiro de trigo, obrigando o governo a aumentar a importação do cereal.
"Em 2009, as condições climáticas foram extremamente desfavoráveis à cultura do trigo, causando perdas significativas em diversas lavouras, o que certamente descapitalizará muitos produtores. Com isso, o Paraná corre o sério risco de ter sua área plantada e sua produção drasticamente reduzidas em 2010. Atualmente, o Brasil já importa 4 milhões das 10 milhões de toneladas usadas internamente", alerta o pesquisador Manoel Bassoi, da Embrapa Soja.
De acordo com Bassoi, as chuvas atípicas de abril, mês que se inicia o cultivo do trigo no Paraná, atrasaram a semeadura da cultura para o mês de maio. A falta de chuva no início dificultou o escalonamento da semeadura e muitos produtores plantaram o trigo tardiamente, na mesma época. "Como de junho a agosto as chuvas foram acima das médias históricas, as lavouras no norte e no oeste do Paraná foram atingidas pelas doenças brusone e giberela, justamente na fase entre o espigamento e o início do enchimento dos grãos, considerada uma das fases mais críticas para a definição da produtividade", explica o pesquisador Manoel Bassoi, da Embrapa Soja.
Segundo dados do Instituto Agronômico do Iapar, em junho, choveu 108 mm, sendo que a média histórica é de 89 mm. Em julho, cuja média histórica é 64 mm, choveu 244 mm, quase quatro vezes mais. E o mês de agosto já registra precipitação de 80 mm, também acima da média histórica, que é de 53 mm.
O excesso de chuva dificultou o manejo das doenças, principalmente, de brusone e de giberela. De acordo com Claudine, as chuvas atrapalharam também a entrada de máquinas na lavoura, o que interferiu no controle químico das doenças. "O fungo que causa a primeira precisa de 8 a 10 horas de molhamento para iniciar a infecção, já para giberela são necessárias 48 horas de molhamento", explica a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja. "As duas doenças atingem principalmente a espiga, fazendo com que o grão fique chocho".