O Banco do Brasil liberará mais R$ 3 bilhões, neste mês, para custeio, investimento e comercialização agrícola, o que eleva para R$ 6,3 bilhões o total liberado desde julho, com crescimento de 60% em relação às aplicações em igual período do ano passado. Segundo o vice-presidente de Agronegócios do BB, Ricardo Conceição, o banco está "dando uma arrancada" para o País colher safra recorde de grãos em 2003/2004.
Dos recursos liberados desde julho, R$ 4,016 bilhões se destinam a custeio, R$ 1,486 bilhão para comercialização e R$ 797 milhões para investimentos. Ricardo Conceição revelou que o Plano de Safra do governo prevê aplicações totais de R$ 32,5 bilhões no ano agrícola que vai de julho deste ano a junho de 2004, com alocação de 26% a mais de recursos que na safra anterior. O BB será responsável pelas liberações de R$ 20 bilhões, dos quais R$ 3,3 bilhões vão financiar a agricultura familiar.
Este segmento, de acordo com o dirigente, é alvo de atenções especiais do Governo Lula e o banco destinará 57,4% a mais de recursos para o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). No primeiro semestre, foram liberados R$ 713 milhões para os pequenos produtores rurais: um crescimento de 132% em relação aos R$ 308 milhões liberados no mesmo período de 2002.
O diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz, disse que as atenções, no momento, estão voltadas para a colheita de trigo, que já foi iniciada no Paraná e vai até novembro, nos demais estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Neste ano, disse, o BB investiu R$ 522 milhões no custeio da triticultura, ou mais 81%, o que possibilitou a expansão de 31% na área plantada: dos 905 mil hectares em 2002 para os atuais 1.190 mil hectares. De acordo com Vaz, esse aumento deverá proporcionar uma safra de 5,3 milhões de toneladas de grãos.
O diretor adiantou que o banco tem mais R$ 100 milhões para a comercialização do produto, via Empréstimos do Governo Federal (EGF). Mas apesar do aumento da safra, o Brasil continua a importar trigo, com um consumo interno anual superior a 11 milhões de toneladas. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informam que em 2002 o país gastou R$ 6,853 bilhões na importação de trigo e a previsão para este ano é de R$ 5,720 bilhões.
O Banco do Brasil, ainda segundo José Carlos Vaz, também está dando assistência de R$ 250 milhões ao setor cafeeiro neste semestre: são R$ 150 milhões do Funcafé no apoio à comercialização e R$ 100 milhões para a realização de EGF. O banco concederá aval em Cédulas do Produtor Rural (CPR), até o limite de R$ 150 milhões, para a comercialização antecipada da safra 2004. A comercialização de milho também foi beneficiada com linha de crédito especial de R$ 450 milhões, dos quais R$ 250 milhões já foram usados.