Produtores da região da Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar) estão sendo obrigados a refazer o plantio da soja por causa da proliferação intensa de uma espécie de fungo que atinge o solo. Em Maringá, 7% da área de soja - cerca de 3 mil hectares - estão em fase final de replantio. O fungo ocorre todos os anos, muitas vezes sem ser percebido pelo produtor, mas a diferença nesta safra é que a população da espécie aumentou em mais de 50%.
Segundo os técnicos, algumas lavouras na região de Cianorte, foram afetadas em até 40%. Dos cerca de 300 mil hectares plantados com soja nos municípios da região Noroeste atendidos pela Cocamar, o fungo atingiu cerca de 10%. Os especialistas explicam que o excesso de chuva, aliado a temperaturas amenas no período noturno e o forte calor durante o dia facilitaram a proliferação. O fungo ocorre onde a drenagem do solo é ruim devido a fatores como a compactação ou o fato de ser argiloso. Em solos de arenito caiuá, onde a drenagem é melhor, não há registro do problema.
O engenheiro agrônomo Evandro César Borghi, da Cocamar, em Jussara (14 km de Cianorte), explica que o fungo é o mesmo que ajuda na deterioração da palhada. Como o inverno e a primavera foram secos a palhada permaneceu em grande quantidade no solo. À espera de umidade, muitos produtores plantaram no seco. Com a chegada das chuvas, o fungo de solo começou a se multiplicar no momento em que emergia a soja.
Sojicultores estão preocupados com a situação e não têm idéia da extensão dos prejuízos caso o replantio não obtenha sucesso. Conforme o coordenador técnico da Cocamar, Antonio Sacoman, dependendo do desenvolvimento da lavoura, o replantio não será necessário. Como o período ideal para o plantio de soja vai até o dia 15 de dezembro, os produtores podem usar variedades mais resistentes ao fungo.
A espécie atacou principalmente as lavouras plantadas depois do dia 20 de outubro e onde foram usadas as variedades aparentemente mais suscetíveis, como a Coodetec 202, BR 133 e Embrapa 48, segundo a Cocamar.
O pesquisador da Embrapa Soja, José Tadashi Yorinori, destaca que é preciso fazer um diagnóstico preciso do que tem causado o problema na propriedade, antes de tomar uma decisão sobre o que fazer. Yorinori lembra da necessidade de um bom manejo do solo, plantio direto e rotação de culturas, evitando a compactação da terra, para evitar o mesmo problema, até com maior intensidade, na próxima safra.