A expectativa de guerra entre Estados Unidos e Iraque vai continuar ditando o rumo dos mercados nesta semana, apesar de a ONU não incriminar o Iraque, conforme parecer concluído na sexta. O início de uma ação americana tenderia a pressionar ainda mais a cotação do barril de petróleo e, dependendo de sua duração, acentuaria a escassez de capital disponível para investimentos externos, principalmente em mercados emergentes, como o Brasil.
Um cenário desses favoreceria a alta do dólar e dos juros e queda das bolsas, agravando as incertezas no mercado financeiro. Do ponto de vista do investidor, o mais indicado, segundo especialistas, é que se mantenha conservador, em aplicações atreladas a juros pós-fixados, como os fundos DI.
Segundo o economista-chefe do ABN Amro, Hugo Penteado, a instabilidade do mercado só cederá quando se reduzirem as incertezas em relação à guerra. Para ele, o desdobramento mais provável seria o início do confronto militar em até quatro semanas e seu término também em aproximadamente quatro semanas.
"Se isso ocorrer, os primeiros movimentos do mercado serão adversos, mas, se não houver surpresas, o cenário poderá melhorar rapidamente em seguida.’ Porém, ainda que o sentimento seja de normalidade após a guerra, a economia dos EUA e global ainda enfrentarão contratempos, diz.
Também é considerada por ele a possibilidade de que a ação militar leve mais tempo para ser desencadeada e para um desfecho. Nesse cenário, considerado o pior de todos por Penteado, o preço do petróleo se manteria em nível elevado por mais tempo, os recursos externos minguariam, fazendo com que o dólar disparasse, e as bolsas despencariam.
O economista comenta que o Brasil ainda continua demasiadamente vulnerável ao mercado internacional. Um estrangulamento de recursos externos, necessários ao fechamento das contas públicas, pressionaria o dólar e, por tabela, a inflação, exigindo a elevação das taxas de juro. A bolsa também não escaparia de uma queda mais acentuada.