O diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Euclides Scalco, e o ex-governador José Richa, criticaram a intenção do governo do Estado de vender a Companhia Paranaense de Energia (Copel).
As críticas mais contundentes partiram do ex-governador que considerou "temerária" a venda da estatal. "É uma temeridade deixar apenas nas mãos de particulares uma companhia de energia como a Copel. Pelo menos a geração deveria ficar com o Estado", disse Richa. A venda da Copel está prevista para outubro.
Scalco também disse achar desnecessário e errado privatizar o setor de geração. "Geração é uma fábrica de dinheiro. O governo deveria manter estatal o setor de geração e privatizar distribuição e transmissão", afirmou, ao lembrar que basta chover no Paraná para que as usinas produzam energia. As hidrelétricas necessitam de alto volume de investimentos para começarem a operar, mas com o tempo se pagam e passam apenas a dar lucro.
Em seu estilo de político de poucas palavras, o diretor da Itaipu deixou transparecer sua contrariedade na venda da Copel e na forma adotada pelo governo federal para privatizar o setor de energia. Para Scalco, seria preciso repensar o modelo de desestatização no Brasil. "Mas a política já é fato consumado", comentou. Ele afirmou ainda que empresa privada não é sinônimo de lucro maior. A Light, privatizada, teve prejuízo de cerca de R$ 40 milhões no ano passado, a CPFL, também privatizada, deu lucro de R$ 38 milhões, enquanto que a Copel estatal lucrou R$ 228 milhões, citou Scalco.
Ao ouvir os números, Richa o interrompeu e declarou: "Tem que se pensar bem (sobre a privatização da Copel), antes de fazer bobagem". O ex-governador ressaltou que a Copel sempre foi uma empresa utilizada pelos governos para promover o desenvolvimento do Paraná, tanto no campo econômico quanto social. Ele mesmo disse ter usado muito o lucro da Copel para investir onde o governo não tinha condições.
Leia mais em reportagem de Carmem Murara, na Folha do Paraná desta sexta-feira