Há uma década, os 6 mil habitantes de Pinhalão, no Norte Pioneiro do Paraná, esperam pelo milagre da multiplicação dos peixes. As promessas eram superlativas desde o início, apesar da altitude de 600 metros e da topografia acidentada do município, com 20% do território em declives. Seriam R$ 13 milhões para o “maior frigorífico do mundo”. Mas as promessas desidrataram em meio a escândalos políticos antes mesmo de os peixes começarem a subir as montanhas.
A esperança de um impulso econômico teve início há exatos 10 anos, em visita do então ministro da Pesca, Marcelo Crivella. A pomposa cerimônia de lançamento da construção de um complexo de peixes, com investimento de R$ 13 milhões, prometia revolucionar a economia da cidade do prefeito à época Claudinei Benetti, assim como de toda a região, uma das mais pobres do Estado.
A escolha da sede, costurada com apoio da Superintendência da Pesca, sob influência do PRB, partido do então deputado e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Edson Praczyk, foi alvo de questionamentos. Passada uma década, o Paraná tornou-se líder nacional na produção de pescado em cativeiro, mas o milagre dos peixes não chegou a Pinhalão. Neste período, Benetti chegou a ser preso preventivamente por suspeita de desviar recursos do empreendimento, e o prédio, já com os equipamentos, segue inacabado, travado por uma ação do TCU (Tribunal de Contas da União) que questiona a viabilidade do projeto.
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Em 2013, a produção de peixes do Paraná era de 40 mil toneladas por ano. A região Oeste, pioneira no cultivo da tilápia no país, respondia por 50% do volume total, enquanto o Norte do Estado contribuía com quase 20%. Agora, uma década depois, o Paraná se consolidou como o maior produtor de peixes do país. São 194 mil toneladas anuais (22,5% da produção nacional), segundo dados de 2022, presentes no anuário de 2023 da Associação Brasileira de Piscicultura.
Com o modelo de produção integrada pelo cooperativismo consolidado, o Oeste conseguiu ampliar sua fatia no mercado, produzindo 80% do peixe cultivado no Paraná. Já o Norte do Estado, mesmo considerada uma das quatro principais regiões brasileiras no cultivo de peixes, viu a participação estadual cair de 20% para algo próximo a 10%.
Fatores como a desorganização da cadeia produtiva, projetos problemáticos e a demora na liberação de plantas industriais, tudo isso imerso em escândalos políticos, fizeram a região perder uma oportunidade concreta de desenvolvimento econômico e deixar de arrecadar cifras milionárias ao longo da última década.
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