A redução da taxa Selic de 16,5% para 15,75% ao ano não vai beneficiar o consumidor final em curto prazo. O consumidor que ficou animado com a notícia e pensa em gastar um pouco mais no cheque especial, no cartão de crédito ou no crediário neste final de ano, deve continuar afastado destas tentações porque as taxas de juros na ponta do consumo continuam excessivamente altas, alertam os economistas.
Para o economista do Dieese, Cid Cordeiro, a taxa Selic é apenas um dos componentes da taxa de juros ao consumidor. Daí que os reflexos para o tomador final de empréstimos não serão sentidos no curto prazo. O economista Luiz Eduardo Sebastiani, presidente do Conselho Regional de Economia, disse que neste primeiro momento o governo é o principal beneficiado com a redução do valor da dívida pública. Mas abre espaço para uma redução dos juros para as empresas comerciais a partir do ano que vem. Para o consumidor Sebastiani arrica que os juros no cheque especial podem cair no mímino 3% em 2001, passando de 10% a 12% ao mês para 7% a 9% ao mês.
O Banco do Brasil já comunicou a redução da taxa de juros para pessoas jurídicas. Cerca de sete linhas de crédito tiveram uma redução média de 9%, em função da decisão do Copom. O desconto de títulos caiu de 2,25% para 2,05% e o crédito para giro nas empresas caiu de 2,4% para 2,2%. Sebastiani acredita que a redução no custo das empresas será transferida ao consumidor.
Menos otimista, o economista e consultor de empresas Gilberto Camargo disse que não acredita na redução significativa da taxa de juros para empresas e consumidor. Segundo ele, o Banco Central impôs uma classificação de risco aos bancos que impede essa queda nos juros. Com isso, os bancos são obrigados a recolher um percentual dos empréstimos para pessoas físicas ou jurídicas para manutenção de um fundo contra inadimplência. Ou seja, o BC está se precavendo de nova onda de quebras de bancos por empréstimos mal avaliados.