As reclamações envolvendo instituições bancárias no Paraná aumentaram 100% neste ano. Dados da Coordenadoria de Proteção ao Consumidor do Paraná (Procon) mostram que no ano passado foram registradas uma média de 200 reclamações por mês contra esse setor, e a média mensal deste ano é de 400 queixas. Para o coordenador do Procon, Naim Akel Júnior, a causa desse aumento se deve à queda de qualidade dos serviços prestados pelos bancos.
"Havia praticamente sumido o número de reclamações contra má prestação de serviços, e agora estão voltando, parece que estão economizando nessa área", afirma Akel. Em 2001, esse quesito já foi denunciado 85 vezes. Ele conta que há quatro anos, quando houve a entrada de bancos estrangeiros no Brasil, os serviços prestados eram muito bons. "Houve uma competição muito grande, os bancos tratavam o consumidor como sua majestade, e agora não", analisa.
De janeiro a fevereiro deste ano, foram registrados no Procon 1.653 protestos contra instituições financeiras. Em todo o ano passado, o número de queixas contra o setor foi de 2.421. Akel diz que a reclamação mais comum dos consumidores é quanto as cobranças, como taxas debitadas na conta. Neste ano, as dúvidas já somam 749, quase o mesmo valor de 2000 inteiro, que teve 771 casos. "No extrato mostra o débito da taxa, com códigos que a pessoa não entende, e quando ela pergunta ao banco o que é, recebe respostas vagas", critica.
Mas há algumas instituições que estão trabalhando para melhorar o atendimento ao cliente, aponta o coordenador do Procon. Ele cita a Caixa Econômica Federal e o Banestado, que criaram linhas de atendimento ao consumidor, através de telefones 0800. "Esse é o sonho do Procon, que todas as empresas tenham serviço de atendimento ao consumidor, desde que funcionem, é claro", sugere.
Porém, para Akel, a oferta desse serviço mostra o tamanho do problema que os bancos estão causando aos clientes. Ele diz que sempre que pessoas com queixas contra essas duas instituições procuram o Procon, são orientadas a primeiro telefonar para as linhas de 0800. "Estamos encaminhando um grande número de pessoas para esses serviços, e mesmo assim as reclamações contra bancos duplicaram neste ano", diz ele.
A Federação Brasileira das Associações dos Bancos (Febraban), por meio de sua Coordenadoria de Comunicação, preferiu não se pronunciar sobre o aumento de reclamações, alegando que somente por esses números não é possível saber que serviço e que banco estão com problemas. Por isso é difícil tomar uma posição quanto ao assunto. Mas o órgão se prontificou a analisar a situação e ajudar os bancos que apresentam problemas se puder ter acesso a uma estatística mais detalhada do Procon.