A queda da Selic, a taxa básica de juros, de 12,25% para 11,75%, reduz a rentabilidade da renda fixa. Mas, de acordo com especialistas, esse tipo de investimento continua atrativo.
Segundo cálculos de Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, o mercado precifica uma queda da Selic para 10,42% em um ano e de 10% em dois anos. Essas taxas se referem ao DI, que equivale ao CDI, um indicador que baliza a rentabilidade da renda fixa e acompanha a Selic de perto, sendo geralmente 0,1 ponto percentual menor.
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Considerando a inflação de 3,93% prevista por economistas para 2024 e de 3,50% para 2025, essas taxas equivalem a um juro real, ou seja, a um ganho de poder de compra de 6,49% e de 6,50% para os próximos dois anos, respectivamente.
Mesmo a poupança, que tem uma das menores rentabilidades dentre produtos de renda fixa, terá um ganho líquido acima da inflação de 4%.
Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a poupança chega a ser mais atrativa que fundos de investimento com taxas de administração superiores a 2% ao ano, no longo prazo, por ser isenta do Imposto de Renda.
Por também serem isentos do IR, títulos de crédito privado apresentam rentabilidades atrativas, dizem analistas.
De acordo com as simulações de Rafael Haddad, LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e debêntures incentivadas com rentabilidade média de 96% do CDI devem ter uma rentabilidade líquida real (descontando IR e inflação) de 5,86% em um ano. Ou seja, R$ 1.000 viram R$ 1.100 livres de impostos.
"Lembrando que, quanto maiores as taxas, maior o risco, então é importante avaliar qual a qualidade de risco de emissores", diz André Alírio, analista da Nova Futura Investimentos.
São protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até R$ 250 mil por emissor e R$ 1 milhão por CPF, investidos em poupança, CDBs (Certificados de Depósito Bancário), RDBs (Recibos de Depósitos Bancários), LCIs, LCAs, LCs (Letras de Câmbio) e LHs (Letras Hipotecárias).
Já CDB, RDB, e LC (uma espécie de CDBs de financeiras) prefixados, com uma taxa bruta de 11,75% ao ano, teriam uma rentabilidade líquida real de 5,57%. Nestes instrumentos, porém, é necessário estar atento ao prazo, já que, em caso de resgate antecipado, é possível haver perda de dinheiro.
Quanto aos títulos do Tesouro Direto, os prefixados estão com uma rentabilidade bruta menor, de 9,86% para 2026, e de 10,45% para 2029. Já os títulos atrelados ao IPCA estão com uma rentabilidade bruta anual de 5,41% para 2029, 5,58% para 2035, e de 5,70% para 2045, fora a variação da inflação no período.
Segundo Alírio, da Nova Futura, CRIs e CRAs, com boa avaliação de risco, também são uma boa alternativa para compor a carteira. "Como o cenário é de queda de juros, se pode pensar em comprar alguns ativos que contam com taxas de juros mais altas porque apresentam um pouco mais de risco. É hora de dar uma apimentada na carteira, sempre respeitando o perfil de investidor."