A despeito de combustíveis mais caros, nossa projeção para o IPCA fica em 5,2% em 2005.
A primeira prévia da Fipe, para o mês de setembro, apresentou queda de 0,11%. A variação ficou bem abaixo daquela observada no mês de agosto, 0,19%, nesta mesma base de comparação. Em relação ao resultado fechado do mês anterior, porém, houve uma aceleração de 0,09 ponto percentual.
Observando os dados abertos, verificamos que os movimentos significativos ficaram por conta de dois grupos, Habitação e Vestuário. Este último, como vimos alertando, devido à chegada da nova estação e, por conseqüência, das novas coleções, as quais entram com preços novos. Já o grupo Habitação, apresentou uma elevação expressiva nos Serviços Domésticos e Conservação, registrando variação positiva de 0,13% contra deflação de 0,13% da primeira prévia de agosto. A aceleração também foi observada em relação ao fechamento do mês passado, quando este item, do subgrupo Manutenção do Domicílio, apresentou inflação de 0,07%. Outro subgrupo de peso, Aluguel, também apresentou ligeira aceleração.
Devemos lembrar que o impacto do grupo Habitação tende a acelerar em um primeiro momento, especificamente agora em setembro devido à tarifa de água e esgoto que será contabilizada pelo conceito de "caixa" usado pela Fipe, e, depois, deverá arrefecer naturalmente. Contudo, existem itens que impedem uma alta mais significativa. Os Aparelhos de Imagem e Som e Equipamentos Eletroeletrônicos, por exemplo, mostraram desaceleração significativa em relação ao resultado anterior, ilustrando não só a continuidade dos impactos positivos da apreciação do real, mas também a ausência de pressão de demanda.
Outros grupos como Alimentação e Despesas pessoais seguem com deflação e sustentando a baixa variação da Fipe. Mesmo com a aceleração destes grupos, teremos um contrabalanço intertemporal, dada a descompressão dos demais que no momento estão em alta. É fato, a inflação avança para patamares inegavelmente reduzidos.
Com relação aos demais índices ao consumidor, especificamente o IPCA, podemos dizer que devido à apreciação cambial e seus impactos sobre os índices do atacado, acreditamos que seguirão sem pressões.
No resultado de setembro, devemos observar o fim da pressão do reajuste do Telefone, e o início daquele relativo ao aumento dos combustíveis, o que deve deixar o índice em torno de 0,35%. Outro dado relevante que devemos destacar é a subestimação dos in natura, através dos pesos, por parte do IBGE. Esta metodologia tem provocado discrepâncias com as trajetórias dos demais índices.
O resultado anual para o IPCA, porém, não sairá de sua trajetória de desaceleração, pois mesmo apresentando variações positivas, estará em patamares historicamente reduzidos. O resultado para 2005 seguirá em linha com a meta de 5,1% traçada para o ano apesar de levemente mais alto. Nossa projeção para o IPCA em 2005 foi revisitada para 5,21%.