As enchentes provocaram uma queda de 851 mil toneladas na safra de grãos no Rio Grande do Sul. Elas estão concentradas em arroz, soja e trigo. Alguns produtos, apesar do desastre climático sobre o estado, tiveram a estimativa de produção elevada, como é o caso do feijão, em vista de reajuste de área e de produtividade.
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Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Edegar Pretto, diretor-presidente da entidade, afirmou nesta terça-feira (14) que esses dados deverão ser mais bem avaliados na divulgação de safras de junho.
"Este foi o pior desastre climático do Rio Grande do Sul, e as dificuldades de deslocamento e problemas na comunicação dificultaram a avaliação", disse.
O arroz, cuja liderança de produção nacional é do Rio Grande do Sul, terá perda de 202 mil toneladas no estado, conforme essa primeira avaliação. A nova estimativa indica produção de 7,27 milhões de toneladas no estado.
Pelo menos 17% da área destinada ao arroz ainda não havia sido colhida antes das chuvas. Deste percentual, 8% foram fortemente impactados pelas enchentes.
Segundo a Conab é necessário avaliar ainda os estragos provocados por inundações em armazéns da região. A capacidade estática de armazenagem em áreas mais afetadas pelas enchentes é de 1 milhão de toneladas, segundo Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e de Informações do órgão. A maioria deles estava com soja armazenada.
O desempenho da produção de arroz nas lavouras do Rio Grande do Sul afeta o consumo nacional, uma vez que os gaúchos são responsáveis por 74% da produção nacional. Para este ano, a Conab estima uma produção de 10,5 milhões de toneladas e um consumo de 11 milhões.
O governo já fez uma programação escalonada de importação de até 1 milhão de toneladas do cereal, começando com 104 mil. Na avaliação da Conab, o Brasil deverá buscar 2,2 milhões de toneladas do produto no exterior neste ano, 52% a mais do que em 2023. As exportações serão de 1,2 milhão.
A importação de arroz melhora os estoques finais internos. A estimativa do governo no mês passado era de que o país terminasse o ano com 1,8 milhão de toneladas do cereal nos armazéns. A nova previsão é de 2,3 milhões.
Confirmados esses números, o arroz estocado em dezembro, um período de entressafra, daria para 76 dias de consumo.
A perda na soja é maior, chegando a 457 mil toneladas. A nova estimativa da Conab indica uma safra de 21,4 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, um volume acima de previsões privadas. Elas apontam uma safra próxima de 20 milhões de toneladas.
Segundo a Conab, as máquinas já haviam passado por 75% das áreas plantadas. Ao contrário do que ocorre com o arroz, a perda na produção gaúcha de soja não afeta o cenário nacional, uma vez que houve reavaliação de produção e de produtividade para cima em outros estados.
A produção nacional de soja, estimada em 146,5 milhões de toneladas, em abril, deverá atingir 147,7 milhões nas estimativas desta terça-feira.
O trigo, cereal de destaque no Rio Grande do Sul, ainda é uma incógnita. O plantio deverá começar no final deste mês, mas os produtores não sabem como vão encontrar o solo a ser utilizado. Pretto acredita que vá haver uma redução de área.
Por ora, a Conab prevê uma safra de 4,2 milhões de toneladas do cereal no estado, 46% do volume nacional.
Com os novos números de perda, o Rio Grande do Sul terá uma safra total de grãos de 39,3 milhões de toneladas, 802 mil a menos do que era esperado em abril.
Este volume, no entanto, ainda é 42% superior ao de 2023, quando o estado também havia sido afetado por problemas climáticos.
Mesmo com as perdas no Rio Grande do Sul, a Conab revisou para cima a produção nacional de grãos, Para o órgão público, o país deverá colher 295 milhões de toneladas neste ano, 0,5% a mais do que a estimativa de abril. Em relação ao recorde de 2023, há uma queda de 7,6%.
O clima continua castigando fortemente o país. A estimativa atual de safra da Conab representa uma queda de 24 milhões de toneladas, em relação à de 2023.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) elevou a produção nacional de grãos em 1,2 milhão de toneladas neste mês, para 299,6 milhões.
O instituto ainda não considerou, em seus números, os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, mantendo estáveis as previsões de produção de arroz, soja e trigo.