Depois de 25 anos de gestação, Mercosul e UE (União Europeia) anunciaram, nesta sexta-feira (6), a conclusão das negociações e a consolidação do texto final do acordo de livre-comércio entre os dois blocos.
O anúncio foi feito durante o encontro do grupo sul-americano em Montevidéu com as presenças dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Javier Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) e a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.
A mensagem principal ficou por conta da líder europeia. Em um aceno contra o protecionismo, Von der Leyen disse em seu discurso que "os dois blocos concordam que a cooperação é o caminho para prosperar". "Esse acordo é a nossa resposta ao crescente isolamento e à fragmentação."
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"Este é um ambiente de ganha-ganha", seguiu a alemã. "Estamos enviando uma clara mensagem: num mundo em confrontação, nós mostramos que democracias podem vigorar. Isso é uma necessidade política, não apenas econômica."
O tratado comercial deverá beneficiar vários setores econômicos, mas um dos mais favorecidos é o agronegócio. No Paraná, o clima nas entidades representativas do setor era de espera e ansiedade.
“Isso traria um ganho interessante, reduziria a tributação no comércio entre os dois blocos e ganharíamos competitividade. O Paraná poderia exportar bem mais para a União Europeia, fazer o PIB (Produto Interno Bruto) crescer, traria mais investimentos à nossa produção”, disse o gerente de Desenvolvimento Técnico do Sistema Ocepar, Flávio Turra.
O acordo cria cotas livres de tarifas para a entrada de produtos do bloco sul-americano na UE, como a carne, em troca de redução recíproca para a importação de automóveis e outros produtos europeus. Longe de ser uma unanimidade entre as nações envolvidas, especialmente entre algumas que integram o bloco europeu, a proposta enfrenta resistências. França, com forte lobby agrícola, Polônia e Itália estão entre elas.
Para o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Marcelo Janene El-Kadre, há muita confusão entre o mercado de commodities e as questões políticas que prejudica o avanço das negociações.
“São mentiras no meio político que tentam mostrar uma falsa verdade e desinformação de que o agronegócio brasileiro é desmatador", avaliou.
“A gente exporta para a França 0,001%. A carne brasileira que vai para a Europa representa 3%. É 25% do consumo deles”, disse El-Kadre. “É natural tentar o protecionismo, mas a gente não pode aceitar com conformismo. Temos que lutar. Se eles estão falando (inverdades), vamos mostrar o que a gente faz.”
Com excedente de produção agropecuária, o Paraná está preparado para atender um provável aumento da demanda decorrente do acordo.
“Seria uma adequação rápida para, em um primeiro momento, fazer a realocação da produção para o mercado europeu, que remuneraria melhor”, destacou Turra. No médio e longo prazos, o Estado estaria apto a manter o atendimento ao mercado europeu ao mesmo tempo em que abasteceria o mercado asiático.
O acordo abriria novos mercados para inúmeros setores, mas os maiores ganhos seriam contabilizados ao agronegócio. Derivados da soja, como óleo e, principalmente, o farelo, carne de frango, suínos e café estão entre os produtos com grande potencial de exportação pelo Paraná ao mercado europeu. Mas a lista de possibilidades ainda pode crescer. “O acordo traria aumento do PIB, da renda, aumento dos investimentos, das exportações e até da importação, com a linha de alta tecnologia”, ressaltou o gerente da Ocepar.
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