Os panificadores de Curitiba são contra as mudanças de horário de funcionamento de padarias como medida de economia de energia elétrica. De acordo com o tesoureiro do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitarias do Estado do Paraná, Joaquim Cancela Gonçalves, no ano passado a entidade distribuiu uma cartilha a todos os associados que trata da economia de energia. "As padarias estavam poupando energia muito antes desta crise e não aceitamos racionamento porque o pico de consumo do nosso setor fica nos horários de menor demanda geral", explica.
Segundo Gonçalves, a cartilha feita no ano passado com apoio da Copel e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), mostra como os panificadores podem reduzir gastos com energia elétrica. As principais medidas estão relacionadas à racionalização do uso dos fornos para assar pães. "Cerca de 60% dos gastos de energia de uma panificadora está ligada diretamente à produção de pães", explica.
Para o tesoureiro do sindicato, medidas de racionamento no comércio deveriam atingir antes os shoppings centers e supermercados. "Esses estabelecimentos consomem mais energia e em horário de pico, exatamente o contrário das panificadoras." O Sindicato da Indústria de Panificação reúne mais de 380 estabelecimentos só em Curitiba.
Um dos primeiros panificadores a adotar medidas de contenção de gastos com energia elétrica em Curitiba diz que é possível reduzir quase metade do consumo com os fornos com uma simples reorganização da produção. Arno Ghetehs, dono da Panificadora Ademai, diz que não tem mais padeiro durante a noite. Ele desliga o forno de assar pães por volta das 15h30 e só volta a ligá-los às 5h30 da manhã seguinte.
Durante a noite os pães ficam em um refrigerador. "Antes o forno ficava ligado e a produção começava durante a madrugada". O empresário também está desligando os freezers da padaria durante a noite. "Como eles ficam fechados, não há perda de calor, na manhã seguinte é só religar tudo." Só com essas medidas simples a panificadora de Ghetehs já conseguiu diminuir em 40% os gastos com energia para produção de pães.