As operações de fusões e aquisições no Brasil devem continuar aquecidas em 2011, mas dificilmente atingirão o volume registrado este ano. A avaliação é do presidente do subcomitê de fusões e aquisições da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Bruno Amaral. Entre janeiro e setembro deste ano, os negócios totalizaram R$ 144,8 bilhões, o que já representa um recorde, mesmo em comparação com todo o ano 2007, até então o de maior movimentação, com R$ 136,5 bilhões.
Das dez maiores operações anunciadas este ano, quatro aconteceram no terceiro trimestre, segundo Amaral. Entre elas estão a compra da participação da Portugal Telecom (PT) na Vivo pela Telefônica, por R$ 18,2 bilhões, e a entrada da PT no capital da Oi, em uma transação avaliada em R$ 9 bilhões. "É difícil imaginar que teremos uma repetição do que ocorreu este ano com o setor de telecomunicações", afirmou, durante teleconferência com a imprensa.
O trimestre foi marcado ainda pelo anúncio da fusão entre a companhia aérea brasileira TAM e a chilena Lan, estimada em R$ 14,4 bilhões, e a associação entre a Shell e Cosan, no volume de R$ 11,6 bilhões.
Após o movimento intenso entre julho e setembro, os negócios no quarto trimestre acontecem em ritmo mais lento, segundo o executivo da Anbima. "Após um período muito forte como foi o terceiro trimestre é natural que os meses seguintes sejam um pouco mais fracos", considerou.
Por conta da desaceleração recente, Amaral afirmou que, em número de transações, o recorde de 2007 não deve ser batido. Nos nove primeiros meses de 2010, foram realizadas 94 fusões e aquisições, contra 148 em 2007.
O terceiro trimestre foi marcado ainda pela volta de negócios envolvendo a compra de empresas brasileiras por europeias e norte-americanas. Segundo Amaral, o primeiro semestre foi atipicamente dominado por negócios entre companhias brasileiras e da maior participação dos asiáticos, que compensaram a queda da Europa e Estados Unidos.
Para o executivo, o interesse dos asiáticos no Brasil veio para ficar e se manterá em 2011. Entre os setores que devem se destacar em fusões e aquisições no ano que vem, ele chamou a atenção para o de commodities, incluindo agronegócio, metais e petróleo, financeiro e de segmentos ligados ao crescimento da demanda interna, como varejo e alimentos.