O faturamento da indústria do Paraná recuou 7,4% em 2016 em comparação com 2015. Houve retração nas vendas dentro do território paranaense (-10,77%), para outros estados (-3,12%) e para o exterior (-5,92%). A queda nas vendas repercutiu negativamente no nível de emprego industrial, que registrou um recuo de 4,3% no total e de 1,9% no pessoal diretamente ligado à produção. Os dados são da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
"Foi o terceiro ano consecutivo de queda nas vendas industriais paranaenses, fato nunca antes registrado em toda a série histórica da pesquisa realizada pela Fiep desde 1986", observa o presidente da Federação, Edson Campagnolo. Ele lembra que as quedas sucessivas foram de 6,4% em 2014; 8,44% em 2015 e 7,4% em 2016, acumulando uma retração de 20,56% nos últimos três anos. No número de empregos industriais a queda acumulada chega a 8,75%.
Sinais de crise
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"Em qualquer ambiente econômico são estes sinais característicos de uma crise", alerta Campagnolo. De acordo com ele, o fraco desempenho da indústria advém dos típicos e clássicos problemas da economia nacional, como gastos públicos excessivos e crescentes; baixa produtividade; juros em ascensão e superiores aos praticados em todo o mundo; carga tributária e encargos sociais elevados e baixo nível de poupança interna. Tudo isso agravado por uma infraestrutura deficiente e repleta de gargalos.
Para o presidente da Fiep, estes são fatores restritivos que determinam taxas de crescimento incompatíveis com o potencial de recursos disponíveis, porém subutilizados ou desperdiçados. "Tudo isso trava a realização de um maior volume de investimentos privados que poderiam contribuir para o desenvolvimento do país", pontua.
Maiores quedas
Em relação às vendas, ao longo de 2016, 14 dos 18 gêneros pesquisados registraram desempenho negativo. As maiores quedas foram em Móveis (-35,91%); Produtos Químicos (-21,3%) e Vestuário (-19,89%). Registraram desempenho positivo Têxteis (+17,29%); Edição e Impressão (+12,28%) e Celulose e Papel (+5,38%).
Especificamente no mês de dezembro, o faturamento da indústria paranaense caiu 6,75% em dezembro em comparação com novembro. Comparando dezembro de 2016 com o mesmo mês de 2015 a queda foi de 6,07%. A retração neste período se deve ao desempenho negativo de 15 dos 18 gêneros pesquisados. Dois dos três gêneros de maior participação relativa na indústria paranaense apresentaram recuo: Veículos Automotores (-12,52%) e Alimentos e Bebidas (-6,35%). No caso dos veículos, o resultado é consequência da retomada do nível normal de vendas após o tradicional aumento de novembro. Em relação a alimentos e bebidas a queda foi motivada pela menor demanda.
As maiores quedas nas vendas em dezembro foram verificados em Produtos Químicos (-25,64%), devido ao ajuste após o aumento verificado em novembro; Têxteis (-25,53%) e Metalúrgica Básica (-25,22%), ambos por queda sazonal. No mês, as maiores altas foram registradas em Celulose e Papel (+8,35%), pelo aumento das exportações; Máquinas e Equipamentos (+1,24%) devido à venda de máquinas e implementos agrícolas e de máquinas para o setor de madeira; e Refino de Petróleo e Produção de Álcool (+0,98%) devido à maior produção de derivados de petróleo e álcool.
Compra de insumos
Ao longo de todo o ano de 2016 as compras de insumos pelas indústrias acumularam queda de 5,97%. Só no mês de dezembro a retração foi de 6,62%, acompanhando o sentido do desempenho de vendas. De acordo com análise dos economistas da Fiep a compra menor de insumos é um indicativo de não há esperança de um início de ano favorável em relação à atividade industrial. As compras de insumos dentro do Paraná recuaram 4,64%, as procedentes de outros estados caíram 2,78% e as importações de insumos ficaram 23,49% menores
Emprego
Quatorze dos 18 gêneros pesquisados registraram resultados negativo no nível de emprego em 2016 em comparação com o ano anterior. As maiores quedas foram nos gêneros Têxteis (-30,37%); Refino de Petróleo e Produção de Álcool (-18,42%) e Máquinas e Equipamentos (-16,08%). Os maiores aumentos foram registrados em Celulose e Papel (+3,05%), Madeira (+2,20%) e Vestuário (+1,96%). A utilização da capacidade instalada caiu dois pontos percentuais em dezembro, situando-se em 69%. Este nível de utilização de capacidade é um ponto percentual superior ao registrado em dezembro de 2015.