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Trabalho informal puxa alta na taxa de desemprego, aponta IBGE

19 mai 2016 às 14:44

O aumento da taxa de desemprego nas diferentes regiões do País é causada pela redução no contingente de pessoas com carteira de trabalho assinada, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"A taxa de desocupação é causa de um processo. O que aconteceu? A gente percebe que em praticamente todas as regiões, com poucas exceções, houve queda no contingente de pessoas trabalhando com carteira assinada. A perda de carteira é perda de estabilidade. Isso faz com que pessoas que estavam fora do mercado de trabalho passem a procurar uma ocupação para recuperar essa estabilidade e renda perdidas", justificou Azeredo.


Em São Paulo, Estado com maior peso na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a carteira assinada caiu 3,2% no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2015, o equivalente ao corte de 351 mil vagas formais no período de um ano.


"Entre os empregados do setor privado, é esperado que 100% tenham carteira assinada", lembrou Azeredo. "Houve uma redução de emprego. Além do total empregado no setor privado estar menor, ele tem presença menor de carteira assinada", acrescentou.


Segundo o coordenador do IBGE, os sucessivos cortes de vagas com carteira assinada resultaram numa mudança na estrutura do mercado de trabalho, com maior informalidade. Em São Paulo, o contingente de trabalhadores por conta própria aumentou 10,1% no período de um ano, o que equivale a 389 mil pessoas a mais nessa condição.


"Houve uma mudança na estrutura do mercado, que é a presença maior do trabalhador por conta própria, e a presença menor dos trabalhadores com carteira. Essa mudança é que impulsiona esse aumento na desocupação", apontou Azeredo.


Ainda em São Paulo, a perda da estabilidade e do rendimento da população ocupada também motivou que indivíduos fora da força de trabalho passassem a procurar emprego para ajudar a aumentar a renda domiciliar, o que fez aumentar a taxa de desocupação.


"Geralmente essa região tem o que a gente chama de efeito farol. Ela tende a sentir de forma mais rápida e mais fortemente essas consequências no mercado de trabalho provenientes de alterações econômicas, como a crise", justificou o pesquisador.


O total de inativos diminuiu 4% na região no primeiro trimestre ante o primeiro trimestre de 2015, 530 mil pessoas a menos. O total de desocupados cresceu 45,7%, 906 mil pessoas a mais em busca de um emprego.

"A região apresenta uma indústria maior, consequentemente tem um processo de formalização e um mercado de trabalho mais organizado. Agora, não foi diferente das outras regiões. Em São Paulo, o impacto é mais forte e mais cedo, mas isso foi observado em praticamente todas as outras regiões", alertou. Apenas o Estado de São Paulo responde por 23,8% da força de trabalho do País.


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