Uma alta taxa de administração corrói a rentabilidade do investimento. Cálculo que leva em consideração dois fundos de investimento - um com taxa 0,1 ponto porcentual ao mês mais alta do que a do outro - comprova a afirmação. Aplicar R$ 1 mil por mês durante 30 anos em um fundo que com renda líquida de 0,8% resulta em um acúmulo de R$ 2,075 milhões. Fazer a mesma aplicação em um fundo que tenha rentabilidade 0,7% ao mês, resultará em R$ 1,616 milhão. A diferença é de R$ 458 mil.
"O cálculo comprova que 0,1 ponto porcentual é muito quando estamos falando de longo prazo", diz Leandro Moreira, diretor da XP Educação e responsável pela elaboração da conta que está citada acima. "E a conclusão que deve ser tirada é que é necessário comparar os fundos que estão no mercado para que o investidor não saia perdendo", completa.
Embora o cálculo de Moreira leve em consideração uma "pequena" diferença porcentual entre as taxas, o especialista frisa que, no mercado, as taxas variam entre 1% e 5% ao ano. "Muitas vezes são fundos com características muito parecidas, mas com custos muito diferentes", alerta o especialista.
Há algumas diferenças porcentuais que são explicáveis. Por exemplo, os fundos de ação, que têm gestão ativa, rápida e trabalhosa, têm custo mais alto. No caso dos fundos de renda fixa ou os DI, que, em geral, têm a carteira mais engessada, as taxas têm de ser mais baixas.
Moreira afirma que em um fundo de renda fixa é possível encontrar opções no mercado que variam entre 1% e 4,5% ao ano de taxa de administração. "Mas o ideal é 1% ao ano", considera.
Os fundos de ação, por sua vez, têm taxas que variam entre 2% e 5% ao ano. Os fundos DI têm custos que variam entre 0,4% e 1% anuais. Os planos de previdência têm taxas entre 1% e 2% ao ano, mas cobram também taxa de carregamento - dependendo da empresa, o consumidor pode ficar isentou ou pagar até 3,5% ao ano.
Guilherme Horn, diretor da Órama, loja de fundos online, diz que quase sempre as taxas de administração mais altas são as dos fundos dos grandes bancos. "Temos diversos estudos que mostram isso. Com as taxas mais altas, os grandes bancos são os que oferecem as menores rentabilidades", afirma.
Ele recomenda, então, que os investidores também procurem os gestores independentes para conhecer as modalidades de investimento.
Composição do fundo. Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper (ex-Ibmec São Paulo), concorda com a ideia de que o investidor deve comparar a taxa de administração, mas ele garante que este não é o ponto principal para a tomada de decisão.
"A comparação da taxa de administração é a última coisa que o investidor deve olhar", defende. Ele explica que a primeira avaliação deve ser quanto à composição do fundo, sobretudo no caso das ações e dos multimercados. "Depois da composição é preciso checar a política de governança e verificar como funciona a política de investimento, além de olhar o desempenho obtido por aquele gestor nos meses passados", diz o professor do Insper.
Depois de analisar todos esses detalhes, explica Chaia, o investidor deve selecionar os dois ou três fundos que considerou mais interessante. "Daí, chegado este ponto, o investidor deve olhar as taxas de administração", diz. "E a modalidade eleita deve ser a com o menor custo.