Pelo quarto mês consecutivo, a TAM foi, em janeiro, a empresa aérea que registrou o maior número de atrasos em voos domésticos. Embora a companhia conteste os dados apurados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) garante já ter intensificado a fiscalização sobre a companhia para obrigá-la a sanar o problema.
Segundo a Anac, em janeiro, 23,9% dos voos da TAM decolaram mais de 30 minutos depois do horário previsto. Além de representar mais que o dobro de atrasos que a segunda colocada, a OceanAir (10,8%), e que sua principal concorrente, a Gol/Varig (13,2%), o percentual também é maior que os registrados pela própria TAM nos últimos três meses.
Uma consulta ao histórico divulgado no site da Anac permite verificar que o percentual de atrasos nos três meses anteriores aumentou mês a mês, subindo de 14,7% do total em outubro para 15,3% em novembro e para 18,3% em dezembro.
Apesar do maior movimento devido às férias e das chuvas que obrigaram o fechamento temporário de alguns dos principais aeroportos do país em mais de uma ocasião, o mau resultado verificado pela TAM em janeiro não encontra paralelo nas operações das demais companhias, já que, segundo a própria Anac, o total de atrasos das companhias aéreas nacionais e estrangeiras ficou estável em relação ao mês de dezembro, baixando de 17,9% em dezembro para 17,8% em janeiro. Companhias como a Azul, a Gol/Varig e a Webjet melhoraram inclusive seus índices de pontualidade no mesmo período.
De acordo com a agência reguladora, como a TAM é a empresa responsável pelo maior número de voos – 25,9 mil das 71,7 mil decolagens realizadas em todo o país durante o mês de janeiro - o crescimento de seus atrasos teve forte impacto para a média nacional.
A Anac garantiu que já está reforçando a fiscalização operacional sobre a companhia para identificar os motivos do crescimento dos atrasos e acompanhar o que a empresa tem feito para solucionar os problemas.
Em nota, a TAM informou que, em janeiro, suas operações tiveram impacto negativo das fortes nevascas nos Estados Unidos e na Europa, fenômenos que prejudicaram pousos e decolagens dos voos da companhia nessas rotas. Consequentemente, os atrasos em voos provenientes desses países afetaram conexões em voos domésticos nos aeroportos Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, e de Guarulhos, em São Paulo. As fortes chuvas que fecharam alguns dos principais aeroportos brasileiros durante todo o mês também tiveram influência para o mau desempenho.
Para a empresa, os critérios usados na elaboração da tabela de pontualidade divulgada pela Anac e apurada pela Infraero resultam em distorções e precisam ser revisados. Entre as distorções, as tabelas contabilizavam como sendo da companhia atrasos ocorridos em operações de empresas parceiras, inclusive em aeroportos onde a TAM nem mesmo opera. Incluíam também traslados, quando uma aeronave segue sem passageiros para o Centro de Manutenção da empresa.
A TAM também se queixa de que a Anac não separa os voos domésticos dos internacionais. Assim, sustenta a companhia, quando condições climáticas adversas interferem na pontualidade de voos nos Estados Unidos e na Europa, como ocorreu no fim de 2009 e em janeiro de 2010, somente a TAM – única empresa nacional a oferecer esses destinos – foi afetada.