O supergraneleiro Vale Beijing desatracou nesta terça (6) do píer I do Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM), em São Luís. A embarcação foi levada para uma das áreas de fundeio da Baía de São Marcos, para que possa ser reparado sem riscos para a navegação. Duas equipes da Capitânia dos Portos do Maranhão (CP-MA), técnicos especializados em salvamento marítimo, vindos da Holanda e da Coreia do Sul participaram da operação que ainda mobilizou quatro rebocadores e outras embarcações.
Segundo nota da Capitania dos Portos, o Vale Beijing, que teve um dos tanques de lastro danificados na madrugada de sábado, 4, foi desatracado ainda carregado com 360 mil toneladas de minério de ferro - o TPPM não está equipado para fazer desembarque de carga - foi levado para uma área localizada a seis milha náuticas do porto, mas ainda dentro da baia de São Marcos e pode ser visto das praias da capital maranhense. Ainda segundo a nota, não foi detectado indício de vazamento de combustível ou do produto que está nos porões do graneleiro.
Ainda não se sabe a dimensão dos danos provocados pela entrada de água no tanque de lastro número 7, no entanto, o navio está com a popa mais baixa do que proa e o controle da inundação está sendo feita com a utilização das bombas do próprio navio. Fontes da área portuária, que pediram para não ser identificadas, disseram que o volume de água que vazou para dentro do tanque de lastro é muito grande e estaria no limite da capacidade das bombas internas do Vale Beijing.
Equipes da Marinha, da STX Pan Ocean - operadora do navio - e de outras empresas envolvidas no caso estão fazendo avaliações dos danos provocados pelo incidente, mas o risco de naufrágio da embarcação ainda não foi totalmente descartado.
Segundo o professor universitário Lúcio Macedo, o naufrágio do Vale Beijing poderia trazer consequências para o meio ambiente da costa maranhense. De acordo com ele, devido as fortes correntes marítimas da Baía de São Marcos, o minério de ferro que está nos porões do navio poderia se espalhar pela região. Além disso, o combustível e lubrificantes que estão no motor e nos reservatórios de combustível podem vazar e contaminar as praias da adjacentes. "Se houver vazamento com certeza afetará a flora e fauna da região", disse.
No final da tarde, o capitão dos Portos do Maranhão, Nelson Calmon, concederá entrevista coletiva sobre o assunto. Até o fechamento desta reportagem a Vale - que é dona do terminal portuário onde ocorreu o incidente e mentora do projeto de construir 35 supergraneleiros da classe Vale Max para fazer o transporte de minério de ferro minerado em Carajás e a Ásia, especialmente para a China -, não havia emitido nota sobre o caso.