São Paulo tem mais voos internacionais do que todas as outras sedes da Copa de 2014 juntas. São 662 voos semanais (56,8%), enquanto o Rio tem 241 (20,7%) e Brasília, 43 (3,69%). Os dados fazem parte de estudo inédito da São Paulo Turismo (SPTuris), elaborado para fazer um diagnóstico da situação da malha aérea.
Conforme o estudo, os aeroportos paulistas têm voos diretos para 48 cidades do mundo. Natal (RN) tem apenas um voo internacional e Cuiabá (MT), nenhum. A disparidade de oferta faz de São Paulo e do Rio, que tem ligação direta com 29 cidades do mundo, destinos obrigatórios para a maioria dos passageiros que vem de fora e segue para outras cidades brasileiras. Ou para os que saem de outros Estados rumo ao exterior.
A centralização traz inconvenientes aos passageiros. Moradora do Recife (PE), a executiva de comunicação Paula Lourenço enfrentou uma maratona para poder curtir as últimas férias em Nova York. "Embarquei do Recife para São Paulo pela manhã, no dia 28 de julho. Tive de aguardar até o início da noite em Guarulhos para fazer o check-in e embarcar, por volta das 22h, para os Estados Unidos. Só cheguei lá no dia seguinte, pela manhã. Estava exausta. Foram quase 24 horas de viagem", diz.
Na Copa, são esperadas aproximadamente 600 mil pessoas. "O problema não é a quantidade de visitantes, que poderia ser absorvida, mas que eles chegam juntos. E têm data para vir e para ir", afirma Luiz Sales, diretor da SPTuris. Os voos vindos da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo, chegam ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, de manhã. Nesse período do dia, a concentração de pessoas no embarque e desembarque beira 5 mil. À noite, às 22 horas, atinge-se um pico de 5.111, segundo a pesquisa.
O acúmulo de passageiros pode acarretar filas para pegar as malas, conseguir táxis e até comer um sanduíche nos restaurantes do aeroporto. Na tentativa de ajudar a planejar uma melhor maneira de acolher essa multidão de visitantes, a SPTuris pretende encaminhar a pesquisa para secretarias, ministério e órgãos públicos envolvidos no evento.
Oportunidade. Se para os turistas passar por São Paulo pode ser um inconveniente, para a cidade isso pode virar uma oportunidade. A ideia da SPTuris é tentar reter esses "turistas acidentais" por aqui ao menos por um dia. Os trabalhos de promoção da cidade devem centrar fogo nos alvos mais fáceis de se convencer: pessoas de países que têm voos diretos para cá.
Outro ponto avaliado pela SPTuris é a frequência de voos domésticos entre as cidades-sede. Mais uma vez, a maioria é entre os municípios do Sudeste (53,4%), seguidos por Nordeste (19,1%), Sul (12,9%) e Centro-Oeste (12,1%). O Norte, com Manaus (AM) na Copa, tem só 2,6% da frequência de voos entre as cidades-sede. (Colaborou Monica Bernardes) As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.