A pecuária é responsável por metade das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, segundo um estudo divulgado ontem por pesquisadores do País. Os resultados destacam o setor como o que mais contribui para o aquecimento global na economia brasileira e, consequentemente, como a peça mais importante em uma estratégia nacional de redução de emissões. A outra metade refere-se a emissões do setor energético, industrial, e de demais atividades do setor agropecuário.
"Mais do que apontar um grande vilão, o estudo apresenta uma grande oportunidade", disse Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), uma das coordenadoras do trabalho. "É um prato cheio para reduzir emissões", afirmou o diretor da organização Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, também responsável pela pesquisa, que será apresentada amanhã na 15ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-15) de Copenhague.
Segundo os cientistas, a pecuária emitiu cerca de 1 bilhão de toneladas de gases do efeito estufa (GEEs) em 2005. Isso equivale a metade das emissões totais do País naquele ano (2 bilhões de toneladas), segundo estimativas do pesquisador Carlos Cerri, da Universidade de São Paulo (USP), ou um pouco menos da metade (2,2 bilhões de toneladas), segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia.
O estudo leva em conta três grandes fontes de emissão relacionadas diretamente à pecuária: o desmatamento para abertura de pastagens (tanto no Cerrado quanto na Amazônia), as queimadas para manejo de pastagens e o metano exalado pela fermentação de biomassa no estômago dos animais. O fator que mais pesa no bolo é o desmatamento da Amazônia, responsável por 65% das emissões do setor em 2005.
Desmatamento
A pesquisa também confirma a percepção de que a pecuária é responsável pela maior parte (75%) da área derrubada de floresta no bioma. No caso do Cerrado, a abertura de pastagens foi responsável por 56% do desmatamento do bioma e 13% das emissões do setor em 2005.
O cálculo considera apenas o carbono emitido imediatamente pela queima da vegetação superficial e das respectivas raízes. Não inclui outra grande fonte de emissão, que é a decomposição da matéria orgânica misturada ao solo - uma emissão lenta e gradual, mas que, com o tempo, pode chegar ao dobro do que é emitido pelo desmatamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.