O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e o presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, assinaram nesta quarta-feira (18), em solenidade no Palácio Iguaçu, em Curitiba, o acordo para a retomada da produção de veículos da montadora alemã no Estado. A partir de 2015, os modelos A3 (compacto) e Q3 (SUV) serão produzidos em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde já funciona a fábrica da Volkswagen. Os detalhes da operação, que prevê investimentos de R$ 504 milhões, no entanto, não foram divulgados.
"Temos no Brasil hoje entre estados uma grande disputa para a atração de investimentos que geram riquezas e oportunidades de trabalho a nossa gente. Houve diferimento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e obviamente o pagamento para daqui a alguns anos, que fazem parte dos detalhes de um acordo de confidencialidade entre o governo e a montadora", afirmou o governador.
De acordo com ele, nenhum estado explicita em detalhes as negociações que lidera com as empresas instaladas em seus territórios, até para não "perder a competitividade". "Nós nos preocupamos com a atração de investimentos importantes ao Estado, com a geração de empregos, e obviamente é vantajoso, senão não teríamos feito a negociação. Importante é dizer que (foi) dentro da legalidade e do interesse público", completou.
O investimento foi enquadrado no programa Paraná Competitivo. O protocolo entre o Estado e a empresa foi assinado em 21 de agosto, permitindo que a companhia também se credenciasse, posteriormente, aos benefícios fiscais concedidos pelo governo federal.
Segundo Stadler, o objetivo da montadora é, com o acordo, se tornar líder do setor de luxo no segmento de automóveis, também disputado por Mercedes Benz e BMW. "Percebemos que os produtos da Audi são populares aqui no Brasil e estamos experimentando o crescimento da classe média. Paralelamente a isso, cresce o desejo por produtos premium", disse.
O executivo destacou ainda o papel de liderança exercido pelo País na América do Sul e nos Brics (termo utilizado para se referir aos mercados emergentes Brasil, Rússia, Índia e China). "Um dos motivos (da retomada da produção no Paraná, suspensa em 2006) é o efeito positivo da realização da Copa do Mundo (em 2014) e dos Jogos Olímpicos (em 2016), que acarretaram em investimentos de R$ 2 bilhões por parte do governo. Isso aumenta a vontade de modernizar e de melhorar a infraestrutura", explicou.
A expectativa da fábrica alemã é que, até 2020, a rede de concessionárias Audi no País, hoje representada pela Servopa, duplique, de 30 para 60. E que, com isso, o número de empregados triplique, chegando a aproximadamente 2.000. A meta é produzir até sete mil veículos por ano.
Presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, e governador do Paraná, Beto Richa
Outras montadoras - Richa também adiantou que o governo do Paraná possui negociações, algumas avançadas, com mais duas ou três montadoras. No entanto, os nomes das empresas e outros detalhes ainda são mantidos em sigilo. "Temos tido uma procura muito grande de investidores. Volto a insistir que a disputa entre os estados é muito forte, principamente no caso das indústrias internacionais. Não poderia cometer a deselegância de anunciar os nomes. Mas estou bastante otimista e em breve poderei anunciar os investimentos de mais indústrias nesse setor automobilístico". (Atualizado às 14h05)