Os exportadoras de carne estão cobrando do governo brasileiro "medidas urgentes" para enfrentar o embargo imposto pelas autoridades sanitárias da Rússia à importação de produtos de 89 frigoríficos de Mato Grosso, do Paraná e do Rio Grande do Sul. O anúncio do governo russo causou surpresa. O setor mais atingido é o de carne suína, que tem a Rússia como destino de 40% das exportações.
"Considerando que a autoridade da Rússia forneceu a data limite de 15 de junho para a medida entrar em vigor, esperamos que o Ministério da Agricultura agende com urgência reunião em Moscou, levando resposta a todos os questionamentos apresentados", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto.
Segundo ele, a informação que uma delegação de empresários obteve na viagem feita há duas semanas à Rússia, numa missão liderada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, é que o governo daquele país fez várias críticas ao sistema de inspeção brasileiro. O Ministério da Agricultura, no entanto, garantiu que as responderia de forma rápida e inspecionaria novamente todos os frigoríficos habilitados a exportar para o mercado russo. "Porém, com o anúncio, hoje, do embargo, constata-se que não houve tempo hábil para esse retorno", afirmou Neto.
O representante da indústria de carnes suínas disse que o Brasil pode ser colocado como um modelo internacional em condições de saúde animal no campo e de saúde pública nos frigoríficos, mas reconheceu que existem "falhas burocráticas" no Ministério da Agricultura. "As exportações de carne do Brasil cresceram muito nos últimos anos e falta pessoal técnico para atender a uma crescente demanda. O governo precisa reagir, não deixando qualquer dúvida sobre a sanidade das carnes do Brasil", ressaltou.