O rendimento dos 50% dos trabalhadores brasileiros que ganham menos atingiu no ano passado o maior valor real – cálculo que desconta o efeito da inflação –desde 1996, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rendimento médio mensal dos trabalhadores que estavam na metade de baixo da pirâmide foi de R$ 267,00 em 1996, R$ 257,00 em 1999 e R$ 293,00 em 2006.
Na média de toda a massa de trabalhadores, incluindo os que ganham mais, o rendimento do ano passado é o maior desde 1999, mas ainda é inferior ao de 1996, início do período escolhido pelos pesquisados do IBGE para a comparação. A série mostra que o rendimento médio mensal real do trabalho de pessoas com mais de 10 anos alcançou um pico em 1996, quando era de R$ 975,00. Começou a cair desde então, ficou estável entre 2003 e 2004 e começou a subir a partir de 2005.
Entre 2005 e 2006, passou de R$ 824,00 para R$ 883,00, uma alta de 7,2%. Somando os dois últimos anos, o aumento é de 12,1%. "O ganho real do salário mínimo de 13,3% em 2006 frente a 2005 foi um dos fatores determinantes para o resultado observado em termos de crescimento dos rendimentos médios de trabalho no período", diz o relatório. Com isso, houve "uma nova redução na concentração dos rendimentos do trabalho", acrescentou o relatório do IBGE.
Embora as regiões Norte e Nordeste tenham o menor rendimento médio entre as cinco regiões do país, os trabalhadores dessas regiões tiveram o maior aumento no ano passado. No Nordeste, a renda média cresceu 12,1% e no Norte aumentou 7,1%, enquanto no Sudeste teve alta de 6,6%, no Sul de 5,5% e no Centro-Oeste de 4,9%.
O aumento da renda dos trabalhadores que ganham menos também permitiu uma redução no índice de Gini, que mede a desigualdade de renda no país.
BBC Brasil