Em operação feita na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu quatro ex-dirigentes do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). O grupo é suspeito de participar de esquema de desvio de recursos públicos que movimentou R$ 20 milhões em dois anos. O ex-senador e presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) Clésio Andrade é procurado por suspeita de participação no esquema.
O inquérito instaurado pela Polícia Civil, que atuou em conjunto com o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União, investiga o pagamento de gratificações desproporcionais a servidores do Sest/Senat e o uso de funcionários e empresas fantasmas para desviar recursos.
De acordo com o delegado-chefe adjunto da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, Luís Fernando Araújo, Clésio Andrade é suspeito de comandar o grupo. Foi realizado busca e apreensão na casa do ex-senador em Belo Horizonte, além da emissão de um mandado de condução coercitiva para que ele preste esclarecimentos na delegacia. Até o fim da manhã desta sexta, Clésio não havia sido localizado.
Em Brasília, foram presas temporariamente a ex-diretora-geral do Sest/Senat Maria Tereza Pantoja, a coordenadora de Contabilidade, Jardel Soares, a coordenadora de Administração, Nilmara Chaves, e a assessora especial, Anamary Socha. O patrimônio atual das quatro presas gira em torno de R$ 35 milhões. Um total de 16 carros, dois cofres e dinheiro foram apreendidos.
Um dos trinta investigados, que tinha salário anual equivalente a R$ 200 mil, teve um rendimento de R$ 1,6 milhão em 2012. Outro prestador de serviços, contratado para ornamentar plantas dos jardins do órgão, recebeu cerca de R$ 1,7 milhão em um ano. Há também a suspeita sobre um lava a jato, que teria embolsado cerca de R$ 2 milhões em um ano em contratos com o Sest/Senat.
A suspeita sobre o esquema foi levantada quando o ex-senador enviou à polícia explicações sobre o pagamento de gratificações a servidores do órgão. O delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, Fábio Santos de Souza, afirmou que há indícios de que o documento seja fraudado. "Temos informações de que esse ato normativo que define isso (as gratificações) foi fraudado pra tentar justificar o pagamento", disse Souza. O delegado ponderou que é prematuro afirmar que Clésio tenha cometido crimes.