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Profissões em ‘risco de extinção’ sobrevivem em Londrina

02 ago 2013 às 19:15

Com o surgimento de novas tecnologias e ferramentas de trabalho, diversas profissões perderam espaço. São barbeiros, sapateiros, afinadores de pianos, entre outros, com características semelhantes: paciência e persistência. Virtudes que tornam esses personagens exemplos e, ao mesmo tempo, correndo risco de extinção com métodos que envelheceram e não se adaptaram à realidade.

A socióloga e professora de sociologia da Universidade Estadual de Londrina, Maria José de Rezende, explica o porquê as profissões manuais estão em declínio. "Hoje, os produtos são feitos em grande escala, por meio de indústrias, e acabam saindo mais barato e ficam prontos mais rapidamente", comenta.


Outro fator apontado pela professora são os hábitos culturais. "Desejamos um produto para hoje. Portanto, temos uma cultura descartável que inviabiliza profissões artesanais, ou seja, aquelas que têm um trabalho mais demorado". A falta de interesse de jovens para seguir tais ‘carreiras’ também influencia na extinção dessas ocupações, segundo a socióloga.


Exemplos de sobrevivência
O conserto de objetos até mesmo não imaginados, é o que faz Gervásio Gonzalez sobreviver em meio ao mundo moderno. Grampeadores, relógios de ponto, calculadoras eletrônicas e máquinas de escrever de diversos modelos compõem o trabalho do profissional. Há 59 anos exercendo a profissão em Londrina, Gonzalez confessa que a quantidade de serviço ainda é satisfatória. "Com a chegada do computador, o número de clientes caiu muito, mas ainda tem muita gente que nos procura".


Segundo Gonzalez, o estabelecimento possui cerca de 200 máquinas de escrever. "Infelizmente, meus filhos não sentiram atração pelo conserto de máquinas. Quando eu ‘for embora’, o que será disso tudo?", lamenta.


Outro ofício que já foi muito requisitado é o alfaiate. Homens que andavam sempre na moda e bem trajados confeccionavam ternos, calças e coletes com os profissionais. No entanto, a facilidade e a rapidez na hora da compra acabaram prejudicando o segmento. Atuando em meio a linhas, agulhas e tesouras, Jacob Lubatcheusky exerce a profissão há 50 anos. "Muitas pessoas compram ternos e ainda me procuram para ajustar os tamanhos", conta.


Sthefany Terlera


Lubatcheusky comenta qual o perfil da clientela que ainda o faz permanecer no mercado. "Tenho clientes fiéis. A maioria são advogados, porque são pessoas que usam o terno no dia a dia".

O alfaiate herdou a função da família, aprendendo com o pai e o irmão. Para ele, a profissão está em risco porque existem poucos profissionais atuando no mercado. "Sou um sobrevivente, não existem pessoas aprendendo a profissão".


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