A alta nos preços dos alimentos vista em outubro, e que pode continuar até o final do ano, deve elevar as vendas dos supermercados no período de Natal. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, avaliou que, mesmo com o consumidor se deparando com preços mais altos, a demanda por produtos alimentícios seguirá aquecida, sobretudo pelos ganhos salariais obtidos ao longo deste ano.
"Essa alta dos preços pode se refletir em queda no volume, mas não do faturamento dos supermercados. O aumento dos preços acontece pelas commodities e pelo aumento da demanda", disse Honda, ao divulgar hoje o desempenho das vendas dos supermercados, que em outubro cresceram 3,85%, descontada a inflação, sobre igual mês do ano passado. Segundo ele, a receita do setor deverá avançar 12% no Natal de 2010 em relação ao mesmo período de 2009, quando as vendas subiram 8% na comparação a 2008.
O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo nos supermercados, como alimentos, limpeza e beleza, medido pela GFK a pedido da Abras, apresentou alta de 3,59% nos preços em outubro ante setembro - o maior aumento porcentual desde o ano passado. Honda acrescentou que a alta dos preços alimentícios vem sendo compensada pela deflação de alguns itens industrializados. Entre janeiro e outubro, o volume das vendas de produtos como bebidas alcoólicas e não alcoólicas e perecíveis avançou 7% sobre igual período do ano passado.
Segundo Honda, com o faturamento maior dos supermercados previsto para novembro e dezembro, o setor deverá atingir crescimento de 5% das vendas reais este ano na comparação com 2009. Nos dez primeiros meses deste ano, a receita do setor avançou 4,6% sobre igual intervalo de 2009. O dirigente salientou que os consumidores, ao se depararem com preços maiores nas prateleiras, estão migrando para outras marcas de produtos. "Os preços mais altos afetam sobretudo as classes C e D. Mas o crescimento da renda está elevando o consumo de marcas populares", afirmou.
Levantamento da Nielsen, realizado a pedido da Abras, apontou que nos dez primeiros meses deste ano os produtos que registraram maior crescimento das vendas, em termos de volume, foram cerveja (19,8%), sucos de frutas prontos para consumo (18,1%), queijo (16,6%) e refrigerantes (11,8%). Honda sinalizou que, com a alta dos preços, há possibilidade deste patamar de evolução do volume das vendas não se sustentar até o final do ano.