Depois de dois meses com os preços estagnados, os postos de combustíveis de Londrina voltaram a subir os valores da gasolina em diversos pontos da cidade, e não foi pouco. Estabelecimentos que comercializavam o produto em média de R$ 2,39 o litro saltaram para, em média, R$ 2,79: alta de 16,7%. Na semana passada, dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontavam uma média para a gasolina na cidade de R$ 2,58 o litro. O aumento não é justificado pelo Sindicato dos Postos de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR) e está relacionado principalmente a uma guerra de mercado que se arrasta há muito tempo em Londrina.
Para o consumidor, a elevação média de R$ 0,40 pesa sim nas contas do final do mês. Numa simulação simples, o londrinense que gasta em torno de R$ 300 com gasolina por mês, estava conseguindo colocar em seu carro por volta de 125,5 litros. Na nova situação, a R$ 2,79, o volume cai para 107,5 litros durante o mesmo período, ou seja, 14,34% a menos de combustível no tanque. As informações são do repórter Victor Lopes, da Folha de Londrina.
O economista Renato Pianowski salienta que a variação na casa dos centavos é bastante significativa neste caso. ''Quem abastecer R$ 50 por exemplo, com uma diferença de R$ 0,30 no preço do produto, vai perder pelo menos R$ 15 cada vez que for até o posto. Certamente, esta mudança vai arder no bolso do consumidor, principalmente para quem trabalha ou precisa abastecer com mais frequência'', calcula ele.
Apesar da alta, ainda existem alguns postos na cidade comercializando a gasolina a R$ 2,49 o litro. Pianowski salienta que o consumidor deve ''abastecer apenas o necessário'' e continuar a procura pelos menores preços. ''Se todos fizessem uma pesquisa pelos valores mais baixos, isso forçaria os comerciantes a terem que retornar aos preços mais em conta na bomba.''
Para o Sindicombustíveis-PR, durante este período que a gasolina ficou na casa dos R$ 2,40, os ''preços eram considerados irreais e predatórios''. Um dos diretores da entidade, Oclandio Sprenger, que atua no ramo de combustíveis há 65 anos, salienta que este mercado é extremamente competitivo, mas que devido ao sistema de toda a cadeia, a diferença entre um posto e outro não pode ser muito grande. ''Infelizmente, aqueles que cometem sonegação e adulteração do produto conseguem comercializar a preços mais baixos, o que força aqueles que estão trabalhando sem irregularidades a fazer o mesmo.''
Sprenger comenta que este sobe e desce de preços que ocorre em Londrina por muito tempo também era percebido em Curitiba. ''O preço fica lá embaixo, mas chega um momento que a situação fica insustentável e tem que voltar aos preços médios normais.''
Se o posto é bandeirado, geralmente o empresário consegue se manter com preços mais baixos graças a subsídios oferecidos pela companhia por um prazo determinado. Em Londrina, algumas companhias conhecidas mundialmente utilizaram desta estratégia nos últimos meses. ''Todas as companhias, obviamente, trabalham com market share. Se começam a perder receita, elas se sentem pressionadas e tentam correr atrás dos consumidores'', complementa Sprenger. Enquanto em Londrina a gasolina está sendo comercializada na casa dos R$ 2,80, o preço justo vendido nos postos de Curitiba varia entre R$ 2,50 e R$ 2,60 o litro. (com informações do repórter Victor Lopes, da Folha de Londrina)