Consumir significa satisfazer as necessidades da vida. Se o desejo humano pode ser ilimitado, seu consumo é limitado pelos recursos financeiros. As diferenças individuais dos consumidores também afetam seu comportamento de compra, tais como o tempo disponível, o dinheiro e a educação (capacidade de receber e interpretar informações). Em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, o orçamento doméstico geralmente é prejudicado em nome dos filhos. Mas o que mais influencia na decisão da compra?
Pessoas mais bem educadas geralmente são mais exigentes quanto à qualidade dos produtos e realizam avaliações mais criteriosas sobre o custo-benefício de diferentes alternativas. Ensine seus filhos a comprar com paciência e bom senso, estabelecendo limites claros e dando o exemplo. É importante ensinar o valor da qualidade de um produto.
A escolha do produto é extremamente afetada pela renda disponível, economias, bens, débitos, capacidade de endividamento e atitude em relação a gastar versus economizar. Diferentes níveis de renda familiar geram diferentes padrões de consumo.
Segundo o IBGE, apenas as famílias com renda familiar acima de seis salários mínimos conseguem equilibrar as despesas com as receitas. Ainda segundo o instituto, a elite da sociedade brasileira recebe rendimentos mensais acima de 20 salários mínimos e representa 10% da população brasileira. Analisando detalhadamente as planilhas, chega-se à conclusão de que, na elite, o gasto com brinquedos representa em torno de 0,5% das despesas mensais. De acordo com o Datafolha, 35% dos brasileiros ganham até dois salários mínimos, e outros 24% ganham entre dois e três salários mínimos. Nessa parcela da população, o gasto com a compra de brinquedos atinge praticamente 1% das despesas mensais e, na sua grande maioria, as compras são financiadas.
Existem diferenças de padrões de consumo entre as regiões metropolitanas do Brasil. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2003, realizada pelo IBGE, na região urbana a despesa média mensal familiar da elite é 9,3 vezes maior em relação às despesas dos mais pobres. Comparada com a região rural, essa proporção diminui para 8,3. Essa avaliação também pode ser realizada entre os estados brasileiros. A maior diferença entre gastos da elite e da população pobre está localizada em Alagoas (15,6%) e Ceará (14,1%). As menores proporções estão no Amapá (5,3%), Roraima (6,1%), Santa Catarina (6,8%) e São Paulo (7,0%).
O mercado de produtos infanto-juvenis não pára de crescer, acompanhando e estimulando o aumento do poder dos filhos para influenciar os pais na hora da compra. Conforme o último censo do IBGE, 28% do total da população brasileira tem menos de 14 anos e alimenta um mercado que já movimenta cerca de R$ 50 bilhões, segundo informações do Instituto Alana. Conforme a pesquisa, crianças entre 8 e 12 anos assistem acima de 20 comerciais diários na TV e, de acordo com a pesquisa IBGE - TNS InterScience 2003, as crianças influenciam 80% das compras familiares. Corroborando essa afirmação, um estudo realizado pela TNS apontou que 71% das mães brasileiras confessaram estar dispostas a pagar mais pelas marcas que seus filhos preferem, principalmente no supermercado, com escolhas baseadas mais nos comercias do que nos preços e na qualidade dos produtos.
No Dia das Crianças, é certo que o presente deve satisfazer à criança e não aos pais. Porém, a questão financeira deve ser bem avaliada para evitar futuros transtornos financeiros em razão de uma compra mal planejada. É fundamental pesquisar os preços e evitar compras no crediário em razão dos juros altos, preferindo pagamentos à vista com desconto.
*Marcos Crivelaro é professor PhD da FIAP - Faculdade de Informática e Administração Paulista e da Faculdade Módulo e especialista em matemática financeira.