A Petrobrás continuará a ser uma exportadora líquida de petróleo em 2011 em termos de volumes, apesar da demanda doméstica aquecida e a escassez de etanol que levou a empresa a importar gasolina pelo segundo ano consecutivo, afirmou o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. "Nossa projeção em termos de balança comercial é encerrar o ano com superávit", destacou o executivo numa entrevista exclusiva à Dow Jones Newswires.
A Petrobrás teve que importar mais barris de produtos derivados de petróleo no primeiro trimestre deste ano, na medida em que a forte demanda doméstica e a escassez de etanol, fabricado a partir da cana-de-açúcar, provocaram uma alta do consumo de gasolina.
Segundo Costa, as projeções atuais apontam na direção de uma inversão da tendência geral no resto do ano, mantendo o status de exportador líquido da Petrobrás, alcançado pela companhia pela primeira vez em 2006.
A companhia prevê ainda que as exportações de petróleo subirão com o aumento da produção durante o ano, enquanto as exportações de produtores derivados de petróleo recuarão. O consumo doméstico deverá entrar num declínio sazonal, destacou o executivo.
A Petrobrás deverá importar menos diesel nos próximos meses e poderá conseguir retomar as exportações de gasolina, que foram suspensas no final do ano passado devido ao aumento da demanda, disse Costa. Antes das exportações terem sido interrompidas, a companhia embarcou 30 mil barris de gasolina por dia, principalmente para o Caribe. "Há uma tendência de retomada das exportações de gasolina porque nós estamos produzindo mais, e também um aumento substancial de petróleo levará a balança comercial para o positivo até o final deste ano", acrescentou o executivo.
No entanto, Costa reconheceu que a robusta economia do Brasil, que cresceu 7,5% em 2010, representa um desafio. "A demanda por derivados está muito forte", destacou o executivo, acrescentando que a demanda doméstica por esses produtos saltou 10% em 2010 e mais 5% no primeiro trimestre. E a sazonalidade da safra de cana poderá significar que os dois anos consecutivos de escassez do etanol sinalizam uma tendência, acrescentou Costa. "Pelo o que nós observamos, o que nós discutimos, vamos ter possivelmente mais dificuldades (com os abastecimentos de etanol no futuro)."
No que diz respeito ao câmbio, o cenário tem sido mais divergente, tendo em vista que a Petrobrás importou petróleo leve e combustíveis mais caros, ao exportar petróleo pesado menos valioso. Mas Costa disse que a empresa também espera encerrar este ano com "um superávit significativo" em termos de receita em dólar, porque os preços do petróleo aumentaram.