A Petrobras adiou novamente a publicação do seu balanço do terceiro trimestre. A decisão foi anunciada na noite de ontem (12) por meio de nota. A estatal creditou o cancelamento aos desdobramentos da Operação Lava Jato. No lugar do documento, a empresa divulgou dados relativos aos indicadores operacionais e financeiros, mas ressaltou que não foram revisados por auditores independentes. O anúncio da demonstração contábil já havia sido adiado em novembro.
De acordo com a nota, no terceiro trimestre de 2014, a receita de vendas atingiu R$ 88,378 bilhões e o caixa e equivalentes de caixa, R$ 62,409 bilhões. Além disso, o aumento de 7% na receita de vendas, comparada ao segundo trimestre deste ano, deve-se às maiores exportações de petróleo e ao aumento da demanda no mercado interno, principalmente diesel, suportada na maior parte pela produção nacional de derivados.
"Em relação ao período de janeiro-setembro de 2013, a receita de vendas foi superior em 13%, refletindo os maiores preços nas vendas de derivados no mercado interno, devido à incidência em todo o ano de 2014 dos reajustes de diesel e gasolina ao longo de 2013, além do efeito da depreciação cambial [8%] sobre os preços dos derivados atrelados ao mercado internacional e das exportações, maiores preços de energia e gás natural; bem como pelo aumento da demanda de derivados no mercado interno [3%], principalmente diesel [2%], gasolina [5%] e óleo combustível [21%], e pelo maior volume de petróleo exportado [12%], parcialmente compensados pela menor exportação de óleo combustível [14%]", explicou a estatal.
Entre os motivos que levaram a Petrobras a não divulgar o balanço, foram citados também uma intimação da Securities and Exchange Commission (SEC), dos Estados Unidos, requerendo documentos relativos a uma investigação sobre a companhia iniciada pela SEC; o conhecimento dos depoimentos prestados no âmbito do acordo de colaboração premiada de Julio Gerin de Almeida Camargo, do Grupo Toyo, e de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, do Grupo Setal.
Ainda foi citado o ajuizamento, pelo Ministério Público Federal, em 11 de dezembro de 2014, de ações criminais contra diversas pessoas, dentre as quais o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e outros gestores de empresas, por corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso. A íntegra da nota pode ser acessada no endereço da estatal na internet.
Em entrevista no mês passado, a presidenta da estatal, Graça Foster, já havia dito que a Petrobras "não estava pronta" para apresentar os balanços contábeis do terceiro trimestre do ano. Na época, foi informado que a auditoria responsável pelas contas da companhia, a PricewaterhouseCoopers, se recusou a assinar o balanço.