Os consumidores brasileiros continuam pessimistas. É o que mostra o Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
O cálculo mensal é baseado em avaliações da economia e da própria vida financeira, quanto ao momento atual e expectativas para os próximos seis meses. Numa escala de zero a 100, foram registrados 41,4 pontos em fevereiro, índice abaixo do nível neutro de 50 pontos, refletindo a má avaliação da economia. O resultado é pouco diferente dos 41,9 pontos de janeiro.
O subindicador de Percepção do Cenário Atual, que compõe o Indicador de Confiança, acusou 29,7 pontos em fevereiro de 2017, sendo que a avaliação da vida financeira ficou em 39,8 pontos.
Já a avaliação da situação econômica atual obteve 19,5 pontos. Em termos percentuais, quatro em cada dez consumidores (42%) classificam a própria vida financeira como ruim ou muito ruim. Os que a classificam como regular somaram 41%, enquanto 15% a consideram boa ou muito boa.
Os principais motivos para a avaliação negativa são o orçamento apertado e dificuldades para pagar as contas (33%), desemprego (31%) e atraso no pagamento de dívidas (15%). Com relação à economia, 82% dos entrevistados acreditam que a situação está ruim ou muito ruim, contra somente 3% que consideram a situação boa ou muito boa. Para 14%, o quadro econômico atual é regular.
Quadro econômico atual é regular para 14%
Entre os que fazem uma avaliação negativa, a maioria relativa (49%) atribui o resultado à corrupção e ao mau uso dos recursos públicos. Outros 27% creditam ao alto desemprego e 15% disseram que os preços dos produtos aumentaram.
"A percepção quase unânime de que a economia vai mal é reflexo de dois anos seguidos de recessão econômica", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, em nota.
"Mesmo quem não foi atingido diretamente pela crise tem conhecimento das más notícias do cenário econômico e é por isso que a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que a da vida financeira", explica.
Com relação às expectativas para a própria vida financeira, a maioria absoluta (56%) está otimista. Outros 26% não estão nem pessimistas nem otimistas e 14% mostram-se pessimistas.
Entre os otimistas, o principal motivo é acreditar em arrumar novo emprego ou receber uma promoção (31%). Já entre os pessimistas, os principais motivos apontados são: descrença na melhora da economia (27%), situação financeira atual muito ruim (20%), preço das coisas continua aumentando (19%) e medo do desemprego (11%).
O indicador também revelou que o mau momento da economia reflete-se de várias maneiras na vida dos brasileiros. O que mais tem pesado, no entanto, é o custo de vida, mencionado por 53% dos entrevistados.
O desemprego, que atinge quase 13 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi mencionado por 21% dos entrevistados, o endividamento por 11% e a queda da renda por 10%.
Somente 4% disseram que nada pesa no orçamento familiar. Ainda de acordo com o indicador, 47% dos entrevistados afirmam ter pelo menos um desempregado em casa, sendo que 21% moram com pelo menos duas pessoas nessa condição.
"O desemprego é um dos efeitos sociais mais sensíveis da crise econômica. Impacta diretamente na confiança dos consumidores e, portanto, no consumo", disse Marcela Kawauti. Na opinião dos entrevistados, o que contribui para o alto custo de vida é o aumento nos preços do supermercado (64%), aumento na conta de luz (58%) e na telefonia 38%.
Como foi feita a pesquisa
Foram entrevistados 801 consumidores em 12 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém.
A pesquisa foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados pela internet e presencialmente entre os dias 1º e 14 de fevereiro.