A produção de mel de abelha nativa, sem ferrão, será regularizada no Paraná. Com isso, o produtor legaliza a atividade e o consumidor terá à disposição um produto de qualidade e de elevado valor nutricional e até medicinal. Além disso, a criação de abelhas nativas potencializa a polinização de florestas e outras espécies, auxiliando o aumento da produção vegetal do Paraná.
A proposta para regularização do mel de abelha nativa foi entregue nesta segunda-feira (23), ao secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, pelos produtores e pelo gerente da Câmara Técnica da Meliponicultura, José Adailton Caetano. O secretário explicou que a regularização dessa atividade é uma exigência da legislação federal. "Isso será importante, porque vai auxiliar na padronização da produção, garantindo a qualidade do produto final para o consumidor", disse ele.
Segundo Ortigara, a proposta será enviada para a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), que fará o levantamento das condições de produção e de comercialização por parte dos produtores. O gerente da Câmara Técnica da Meliponicultura disse que como a atividade é ainda irregular, é difícil prever o número de produtores e da produção de mel de abelha sem ferrão no Estado. Ele explicou, porém, que os cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) sobre a atividade atraiu cerca de 5.000 produtores que, ele acredita, já estão produzindo.
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Espécies
Hoje no Paraná existem cerca de 35 espécies de abelhas nativas, sendo que 15 delas têm grande potencial para produção de mel. As demais são consideradas grandes polinizadoras, o que é muito importante na manutenção da biodiversidade das espécies vegetais no Estado, esclareceu Caetano.
Por outro lado, essa produção acaba sendo comercializada de forma artesanal, nas localidades próximas à produção. "Por falta de regulamentação, o produto não pode ser deslocado para mercados nas grandes cidades, mais disponíveis aos consumidores", disse.
Ele lembra que o mel disponível para o consumidor é oriundo de abelhas europeias e africanizadas, este sim regularizado junto aos órgãos federais e estadual. O mel da abelha sem ferrão, embora seja uma atividade muito antiga – os índios já o produziam – não foi submetido para ser regulamentado ao órgão de defesa agropecuária no Paraná.
Já produz
Em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, existe a Amamel (Associação dos Meliponicultores de Mandirituba) que já produz o mel de abelha nativa, sem ferrão, em quantidade para comercialização. Eles produzem mel das espécies Tubuna, Jataí, Mandaçaia, Manduri e Guaraipo. Mas a entidade ainda não está autorizada a comercializar essa produção em mercados maiores.
Segundo José Adailton Caetano, o manejo de abelhas nativas é muito fácil, o inseto não oferece riscos. "Ele tem suas defesas, mas como não tem ferrão não agride o produtor. Por isso, essas abelhas podem ser criadas até em apartamentos, nas cidades, o que melhoraria muito a produção dos jardins nas regiões urbanas, desde que seguidas as regras impostas pela legislação", explicou.
O presidente da Amamel, Marcos Antônio Dalla Costa, presenteou o secretário Norberto Ortigara com uma embalagem contendo quadro garrafinhas de mel, da espécie Tubuna, de abelhas nativas, sem ferrão.