A carga horária média de trabalho semanal caiu 10,7% entre os trabalhadores brasileiros desde que entrou em vigor a Constituição Federal, em 1988, até 2007. Segundo um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Brasil, o número de horas semanais caiu de 44,1 para 39,4 nestes quase 20 anos. No Paraná, a queda na carga horária foi de 13,4% e passou de 45,7 para 39,5. A Constituição fixou a jornada máxima do trabalhador brasileiro em 44 horas semanais.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, disse que a redução da jornada veio junto com a diminuição dos salários. No final da década de 80 e começo dos anos 90, a inflação alta trouxe perda de renda. Entre 1998 e 2003, ocorreu uma redução no rendimento médio de 30%. Ele destacou que o Paraná teve maior formalização que no restante do País, contribuindo para que a jornada no Estado tivesse uma diminuição acima do registrado no cenário nacional.
A maior diminuição nas horas trabalhadas por semana ocorreu em Rondônia (21,7%), seguida do Piauí (21%) e do Maranhão (20,6%). O Estado com menor redução nas horas semanais de trabalho foi o Amapá (3,2%), seguido do Rio de Janeiro (4,6%), Distrito Federal (4,6%) e São Paulo (6,2%).
Em 2007, o Estado com maior quantidade de horas semanais foi São Paulo (41,9 horas), seguido por Santa Catarina (41,1 horas), Goiás (41 horas) e Distrito Federal (40,8 horas). O que registrou a menor jornada foi o Piauí (31,1 horas), seguido por Maranhão (35,1 horas), Acre (35,8 horas), Rondônia (36,6 horas) e Bahia (36,6 horas).
A diminuição do tempo médio de trabalho foi maior no Sul, para as mulheres, para os trabalhadores de maior idade e para aqueles com menos escolaridade, para os envolvidos em atividades agrícolas e para os não-remunerados.
Para as mulheres, a carga horária caiu 11,1% e para os homens 10%. Em 2007, a jornada delas (35,1 horas) é 17,6% inferior a deles (42,6 horas). Por faixa etária, entre 1988 e 2007, os trabalhadores com mais de 55 anos de idade apresentaram maior redução do tempo de trabalho (18,5%), enquanto entre 24 anos e 40 anos de idade teve a menor queda (-7,8%).