Levantamento divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura, aponta que a safra 2017, somada a de verão/outono, está estimada em 39,1 milhões de toneladas, cerca de 26,1% superior a obtida na mesma temporada em 2016.
A colheita de feijão segunda safra caminha para o final com repercussão na qualidade devido ao excesso de chuvas no início do mês de junho. A de milho, também segunda safra, está iniciando, devendo intensificar-se com a melhora das condições climáticas dos últimos dias e ao longo do mês de julho.
O secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, diz que esse volume de produção da safra paranaense é resultado da integração do setor público e privado, da dedicação dos produtores rurais, da vocação associativista e cooperativista, mais o processo de capacitação constante de técnicos e produtores no meio rural paranaense.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Soja
A produção de soja no Paraná é de 19,6 milhões de toneladas, volume 19% superior aos 16,5 milhões de toneladas produzidas na safra 2015/16. O clima favorável foi fator determinante para o resultado positivo, segundo o economista chefe da Divisão de Conjuntura Agropecuária e responsável pela cultura de soja do Deral, Marcelo Garrido. A área cultivada foi de 5,25 milhões de hectares, valor levemente inferior à da safra 2015/16, quando foram semeados cerca de 5,28 milhões de hectares, diz Garrido.
Com um volume maior, os produtores enfrentam redução nos valores recebidos. Em junho de 2016, o produtor recebeu, em média, cerca de R$ 81,00 por saca de 60 kg. Na última semana, a mesma saca foi comercializada por R$ 58,00, uma redução de 28%.
O valor menor tem impactado na comercialização. Até o momento foram negociados cerca de 55% do produto, ou 10,8 milhões de toneladas. Na safra passada, neste mesmo período, já haviam sido comercializados 12,5 milhões de toneladas, 75% do volume produzido. "Essa condição está sendo monitorada com mais atenção", afirmou Garrido.
Milho
A colheita da segunda safra de milho iniciou-se de forma intensiva na última semana de junho. Devido ao atraso no plantio em decorrência de fatores climáticos, a colheita será também tardia. Nesta semana a colheita é estimada em 4% de uma área total de 2,4 milhões de hectares, informou o técnico do Deral, Edmar Gervásio.
A produtividade esperada é superior a 5.700 quilos por hectare, que pode resultar no final da safra uma produção total superior a 13,8 milhões de toneladas.
Para o cenário brasileiro espera-se uma produção total superior a 93 milhões de toneladas, e isto fatalmente pressiona os preços do milho, destacou Gervásio. No Paraná a saca de 60 quilos está sendo negociada entre R$ 19,00 e R$ 21,00, no mesmo período do ano passado o milho era negociado a valores superiores a R$ 38,00.
A alta disponibilidade de milho no mercado interno pode propiciar um aumento significativo nas exportações e o Paraná poderá atingir mais de 4 milhões de toneladas exportadas neste ano. A segunda safra de milho ainda demanda atenção, pois há ainda pelo menos 50% de toda a área suscetível a risco climático e consequentemente uma eventual perda de produtividade, diz Gervásio.
Trigo
A projeção de área plantada teve poucas alterações neste último mês, estando avaliada em cerca de 970 mil hectares. Confirmada essa estimativa, a redução de área poderá atingir o percentual de 11% frente a área cultivada na safra 2016.
De acordo com o agrônomo responsável técnico pela cultura de trigo, Carlos Hugo Godinho, os plantios estão evoluindo de forma mais precoce este ano, com percentuais expressivos de plantio em abril e maio, chegando a 71% no dia 31 de maio, 11 pontos acima da média para o período. Atualmente a área de trigo plantada é estimada em 92% do total. Godinho explica que isto se deve à intenção dos produtores de antecipar o plantio e, consequentemente, a colheita do trigo, a fim de realizar os plantios de verão no período ideal. Segundo ele, as condições sanitárias das lavouras estão boas, contudo as previsões de que as chuvas sejam superiores à média neste inverno e início de primavera preocupam, pois podem prejudicar a qualidade do cereal e os trabalhos de colheita.
Feijão segunda safra
A colheita de feijão da segunda safra já atingiu cerca de 96% dos 237 mil hectares cultivados nesta safra e o restante deverá ser concluído nos próximos dias. De acordo com Methódio Groxko, economista e responsável técnico e conjuntural da cultura, a produção está estimada em 355 mil toneladas, o que significa uma redução de 19%, em função do excesso de chuva durante o período de colheita.
A geada no final de abril e as chuvas causaram perdas no volume de produção e principalmente na qualidade do produto. Em função da baixa qualidade, a comercialização está mais lenta, tendo atingido apenas 70%, contra 95% no mesmo período do ano passado.
Em relação aos preços, os produtores estão recebendo R$159,00 por saca de 60 kg para o feijão de cor, e R$ 133,00 pela mesma quantidade de feijão preto. Esses preços significam uma redução de 58% para o feijão de cor e 31% para o feijão preto, comparativamente ao mês de junho de 2016, afirmou Grosko.