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Óleo usado vira ‘problema’ para donas de casa

23 jun 2007 às 10:49

As donas de casa, de maneira geral, sempre jogaram os restos de óleo usado diretamente na pia. Já se sabe que esta forma de descarte não é ''ecologicamente correta'', mas não há, por outro lado, nenhuma solução prática para resolver este ''problema ambiental''. Enquanto uma solução não aparece, as donas de casa descartam o óleo usado como podem. E também acham que é difícil diminuir o consumo do produto, como sugeriu recentemente uma nutricionista em reportagem à Folha de Londrina.

A vendedora Alexandra Brum Venturini adotou uma forma até simpática de descartar o óleo de soja usado em frituras. Ela junta o produto em uma lata e doa para uma mulher que faz sabão em casa. ''Faço isso por solidariedade e não necessariamente por uma questão ambiental. Antes, jogava tudo no ralo''.
A família de Alexandra tem quatro pessoas - o casal e dois filhos. Na compra básica do mês, ela inclui quatro litros de óleo de soja, ou seja, uma média de um litro por pessoa. A dona de casa admite que consome bastante o produto. ''Eu tenho mania de colocar bastante óleo para frituras e, além disso, não reaproveito o óleo, porque pega o cheiro de uma coisa em outra''.


E por falar em quantidade, Alexandra questionou a tese da nutricionista Aliny Stefanuto de que uma lata de óleo é suficiente para suprir as necessidades de uma família de três pessoas durante um mês. Por este cálculo, ela estaria usando o óleo de soja três vezes mais que o necessário. ''Acho que isto está fora de cogitação. Se a pessoa almoçar e jantar todo dia, um litro de óleo não dá para um mês''.


A gerente comercial Juliana Ferraz também é de opinião que uma lata de óleo não é suficiente para suprir as necessidades de uma família de três pessoas durante um mês. ''Sou eu que cozinho em casa e acho que uma lata é muito pouco''. A família de Juliana é formada por quatro pessoas, incluindo uma filha de dois anos. Ela estava comprando cinco litros de óleo. ''Esse tanto de óleo dá para um mês e meio, mais ou menos''.


A dona de casa reconhece que utiliza muito óleo em frituras e há três meses parou de reproveitar o produto, depois que foi alertada sobre o detalhe. ''O meu tio que é médico disse que o reaproveitamento não é saudável''. E o que a senhora faz com o óleo usado? ''Não jogo o óleo direto na pia da cozinha para não entupir. Como moro em uma chácara. coloco esse óleo em vidros e quando junta uma quantidade maior, jogo fora, na terra''.


Juliana diz estar consciente que está causando danos ao meio ambiente, mas não vê outra alternativa. ''Eis a questão: o quê fazer?'', pergunta. Na opinião dela, deveria haver informações claras sobre o assunto para os consumidores. ''Deveriam passar isso através da mídia e colocar as orientações nos rótulos dos litros de óleo. Para a gente assimilar isso, é preciso informação. Se você pega um litro de óleo agora, vê que ele não tem nada sobre como trabalhar a questão do meio ambiente ou mesmo da quantidade ideal para o consumo''.


Solução é reaproveitar produto como biodiesel


A engenheira química Carla Rodrigues da Silva Rossi, professora da Unopar, diz que ‘as coisas ainda estão muito recentes’, se referindo ao fato do descarte de óleo usado em frituras ter se transformado em um problema ambiental. Ela explica que ‘o descarte em pia não é recomendado porque dificulta o tratamento da água’ que será posteriormente distribuida à população.


De acordo com a engenheira, o óleo usado em frituras pode perfeitamente ser reaproveitado como biodiesel, mas reconhece a inexistência de uma estrutura eficiente para a coleta e reindustrialização do produto. Segundo ela, deve aparecer em breve uma solução idêntica à coleta do lixo reciclável para resolver o problema das sobras de óleo nas residências.


Carla admite também que as sobras de óleo podem ser usadas na fabricação de sabão. Porém, fora as iniciativas isoladas de algumas donas de casa, não vê interesse da indústria pelo produto, ao menos a curto prazo.

Uma empresa do setor varejista no Paraná está desenvolvendo um projeto para coletar restos de óleo usado em frituras. O estudo de viabilidade deve estar concluído nos próximos meses. A empresa diz que servirá apenas de ‘intermediária’ e busca parceria com alguma entidade que tenha condições de fazer o tratamento adequado às sobras de óleo.


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