A economia brasileira deverá continuar registrando uma forte expansão nos próximos dois anos, mas o país poderá ter uma inflação mais alta do que a prevista, afirma a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em um relatório divulgado nesta quinta-feira.
No estudo Perspectivas Econômicas da OCDE, publicado semestralmente e que analisa as principais tendências mundiais para os próximos dois anos, a organização nota que a economia mundial "continua se reerguendo, mas os progressos se tornaram mais hesitantes".
"O crescimento, bem mais dinâmico nos mercados emergentes, permanece fraco e desigual na maior parte dos países da OCDE", diz a organização.
A organização acrescenta que, apesar da previsão de expansão, o Brasil - que não é membro da OCDE - permanece "vulnerável" à eventual desaceleração do crescimento na China e nos países ricos.
A OCDE, que agrupa a maioria dos países considerados desenvolvidos, afirma que a retomada do crescimento econômico mundial continua, mas em um ritmo mais lento no curto prazo.
Explosão do consumo
Segundo as previsões da organização, após uma desaceleração momentânea a partir do segundo trimestre deste ano, o PIB do Brasil deverá registrar em 2010 um aumento de 7,5%, graças ao forte consumo interno, que "explodiu" no período que antecedeu as eleições presidenciais.
O lançamento de grandes projetos de infraestrutura deve contribuir para estimular novamente as taxas de crescimento nos próximos anos.
Em 2011, a economia brasileira deverá crescer 4,3% e, em 2012, o aumento deverá ser de 5%, prevê a OCDE.
Para a OCDE, o PIB americano deverá crescer 2,7% em 2010 e 2,2% no próximo ano. Em 2012, a previsão é de aumento de 3,1%.
A economia da zona do euro deverá aumentar apenas 1,7% neste ano e também em 2011 e 2% em 2012, segundo a organização.
Já a economia chinesa deverá crescer 10,5% neste ano e 9,7% em 2011 e também em 2012, prevê a OCDE.
Inflação
Mas a inflação deverá se manter levemente acima de 4,5%, que é o centro da meta fixada pelo Banco Central brasileiro, afirma a organização com sede em Paris.
O objetivo fixado pela autoridade monetária brasileira é de que a inflação anual de 2010 e 2011, medida pelo IPCA, seja de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"A desaceleração da atividade econômica, o recuo dos preços dos alimentos e a valorização significativa do real contribuíram para controlar a inflação", diz o estudo.
Mas esses efeitos que permitiram controlar a alta dos preços não devem durar, na avaliação da OCDE.
‘Medidas rigorosas’
"A inflação poderia ser mais alta do que a prevista se medidas para impedir a valorização do real forem tomadas e os preços dos produtos básicos continuarem a aumentar. Em um tal cenário, medidas de estabilização mais rigorosas deveriam ser tomadas para evitar um desvio das metas de inflação", recomenda a OCDE.
"O aperto monetário deveria ser retomado assim que possível para reprimir as pressões inflacionárias que estão se acentuando", afirma a OCDE.
A organização diz ainda que as medidas de estímulo econômico adotadas para enfrentar a recessão mundial "deveriam ser totalmente abandonadas" para afrouxar as pressões inflacionárias.
No relatório, a OCDE afirma também que as entradas maciças de capital estrangeiro reforçaram o real, mas que, no futuro, esses fluxos podem tornar a economia brasileira mais vulnerável às flutuações de investimentos a curto prazo e também sujeita a reviravoltas no apetite dos investidores por risco.