O clima frio e o alto padrão de vida dos curitibanos são as principais razões apontadas por especialistas para o alto número de shoppings na capital, em comparação com as demais capitais de outros estados do Brasil. Atualmente com 12 shoppings, a cidade deve ganhar mais dois nos próximos anos.
Conforme explica a professora de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Solange Barbosa, Curitiba é uma das cidades que figura na lista de maiores índices de renda per capita, além de ter baixos índices de desemprego. "O perfil consumista tem crescido muito e as pessoas se preocupam mais com gastos com serviços, oferecidos em shoppings".
A renda per capita nominal do curitibano era de R$ 1.516 em 2011, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A título de comparação, a cidade fica um pouco abaixo de Brasília, que também possui 12 shoppings, e tem renda per capita nominal de R$ 1.774. Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em agosto de 2012 o desemprego em Curitiba e Região Metropolitana atingiu índice de apenas 3,3% da população, o menor do Brasil.
Quanto ao clima frio, característico da cidade, a professora diz que esse fator faz com que as pessoas prefiram locais fechados, sem riscos de passar frio ou enfrentar chuva. "O shopping é um misto de compras e entretenimento, onde a pessoa pode encontrar várias opções", acrescenta a professora. Outra questão levantada pela professora é o aumento de violência nas cidades grandes, que leva as pessoas a preferirem locais privados para o lazer.
Região Metropolitana – A tendência para a cidade de Curitiba é de descentralização dos shoppings e novos empreendimentos podem ser abertos também nas cidades da Região Metropolitana da capital, segundo o coordenador de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luiz Augusto Idelfonso da Silva. Atualmente, a maioria dos investimentos no setor se concentra próxima ao centro de Curitiba.
Um dos motivos para a descentralização dos investimentos na área seria o crescimento e aumento do poder econômico da Classe C, que vive em áreas muitas vezes sem a presença de um shopping. "O grande sentido da vida urbana é você dar ao cidadão qualidade de vida, comodidade, menor deslocamento, menos tráfego nas ruas", diz Silva, sobre a facilidade para a população em ter shoppings mais perto de casa.
Entretanto, segundo a professora Solange Barbosa, os municípios da RMC precisam fazer mudanças estruturais para que os grupos empresariais possam se instalar nos bairros. Ela cita o exemplo do Shopping São José, em São José dos Pinhais, inaugurado em 2007. "O local precisou passar por melhorias em mobilidade para o deslocamento do público".