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"Fantasmas"

Novos shoppings abertos no País têm quase metade das lojas fechadas

Agência Estado
03 abr 2016 às 09:28

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- Reprodução
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Uma nova categoria de shopping centers se espalhou pelo País nos últimos anos, com praças de alimentação vazias e tapumes no lugar de vitrines. São os shoppings "fantasmas". Hoje, quase metade das lojas dos empreendimentos novos, inaugurados a partir de 2012, está fechada. Se considerados todos os 498 shoppings centers em operação, o número de unidades vagas chega a 12,2 mil. Esses pontos comerciais ociosos somam uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, o que equivale a 58 empreendimentos do tamanho do Pátio Higienópolis, em São Paulo, ou do Shopping da Gávea, no Rio.

A parcela de lojas vagas nos shoppings brasileiros, revelada por um estudo feito pelo Ibope Inteligência em parceria com a Associação dos Lojistas de Shoppings (Alshop), atingiu neste ano níveis recordes e já faz empreendedores reduzirem o aluguel e até deixarem de cobrar a locação para segurar o lojista. Nos shoppings consolidados e abertos até 2012, a vacância é de 9,1%, o dobro da média histórica. Nos shoppings novos, a ociosidade chega a 45%.

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A combinação de dois fatores gerou essa situação: o fim da década de ouro do varejo e a construção desenfreada de novos empreendimentos. "Mesmo se a economia não tivesse entrado em parafuso, nós teríamos shoppings com problema de vacância", afirma.

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Fábio Caldas, do Ibope, um dos responsáveis pelo estudo. Só entre 2000 e 2015, segundo ele, foram inaugurados 259 shoppings. Muitos foram desenvolvidos por empreendedores que não eram do setor, atraídos pelo desempenho espetacular do varejo. Entre 2004 e 2013, o volume de vendas do comércio varejista, sem contar veículos e materiais de construção, cresceu 7,5% ao ano, segundo o IBGE. Em 2014 e 2015, o avanço foi bem menor: 2,2% e 3%, respectivamente.

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No contexto de euforia do consumo, o negócio de shoppings parecia muito bom. "Mas, quando as obras foram concluídas, a oferta se revelou maior do que a demanda e os lojistas começaram a escolher para onde ir. Optaram pelos melhores projetos e alguns ficaram vazios", explica Caldas.


Para o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, esta é a pior crise dos shoppings. "A situação é preocupante, com o fechamento de lojas e demissões", diz. Neste fim de semana, ele esteve à frente do primeiro simpósio do setor, realizado em Punta Del Este, no Uruguai. O evento reuniu empresários para tratar dessas e de outras questões.

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Com a oferta maior que a demanda, Sahyoun conta que os empreendedores passaram a dar desconto no valor do aluguel. O abatimento pode variar entre 25% a 30% no caso de marcas tradicionais. Nos shoppings novos, há casos em que o aluguel deixou de ser cobrado e o lojista paga apenas o condomínio. "Eles preferem abrir mão do aluguel para não ter de arcar com outras despesas."

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Segundo Adriana Colloca, superintendente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que reúne os donos de shoppings, os descontos estão ocorrendo pontualmente e variam caso a caso. Nas contas da entidade, a vacância dos shoppings fechou dezembro em 4% - um dos níveis mais altos desde o início da série da pesquisa. "Os novos sofrem mais do que os maduros", afirma.


Na opinião de Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW, consultoria especializada em shoppings, a tendência é que a vacância continue crescendo, o que deve refletir nos investimentos.

Em 2016, estavam previstas 30 inaugurações, mas duas já foram canceladas segundo a Abrasce. Até 2019, 58 empreendimentos devem entrar em operação. "Mas, quando se olha para a frente, muita gente pode desistir", diz Caldas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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