Em busca de confiança do mercado financeiro para garantir investimentos no Brasil em 2016, o ministro indicado da Fazenda, Nelson Barbosa, fará uma conferência nesta segunda-feira, 21, a investidores estrangeiros e nacionais para apresentar a sua estratégia de política econômica. É o primeiro contato do ministro com o mercado depois que a presidente Dilma Rousseff o indicou para substituir Joaquim Levy no comando da Fazenda. A conferência está marcada para as 12h, no horário de Brasília.
O mercado reagiu de forma negativa à troca na equipe econômica na última sexta-feira, com alta do dólar e queda da Bolsa. Na conversa com investidores, Barbosa vai esclarecer dúvidas sobre investimentos e falar sobre o seu plano para fazer a economia voltar crescer.
O ministro, que passou o fim de semana em reuniões para definir sua equipe, será empossado hoje, às 17h. O ex-Joaquim Levy participará da cerimônia no Palácio do Planalto. Ambos deverão fazer discursos institucionais e não deverão ser anunciadas novas medidas. O atual secretário executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, fará parte do time.
A mudança no principal ministério de Dilma foi vista por analistas como um indício de que o governo pode voltar com a chamada "nova matriz macroeconômica", implementada por Guido Mantega, titular da Fazenda no primeiro mandato de Dilma. Barbosa integrou o time de Mantega até 2013, mas deixou o cargo por divergências na condução da política fiscal.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro antecipou que vai "aperfeiçoar a política econômica para fazer o Brasil crescer mais rápido". Ele se comprometeu com a diminuição dos subsídios do Tesouro Nacional, com o realismo tarifário e o cumprimento da meta fiscal de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, sem abatimentos.
Em Brasília, avalia-se que, com Barbosa, a Fazenda voltará a ser parte integrante do governo. Levy estava isolado e polarizando as principais decisões com Barbosa. "Teremos agora uma voz uníssona", disse uma das fontes. No entanto, é preciso tirar o "fantasma" da nova matriz econômica do caminho . "Não há mais espaço para isso", diz outra fonte.
O ministro tenta se dissociar da fracassada política econômica de Mantega, marcada por juros baixos, câmbio competitivo e política fiscal com desonerações. Na época, a intenção era mexer em dois preços da economia, os juros e o câmbio, para dar mais competitividade e garantir o crescimento do País.
Depois que deixou a equipe de Mantega, Barbosa preparou o estudo "Os 12 trabalhos Fiscais", na Fundação Getúlio Vargas (FGV), que pode ser considerado ainda bastante atual sobre o seu pensamento de estratégia a ser adotada. Entre os 12 trabalhos, estão a necessidade de diminuição da perda fiscal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.