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Nome 'surpresa' para comandar a Petrobras é cogitado no Planalto

06 fev 2015 às 09:00

Embora o presidente da Vale, Murilo Ferreira, seja um dos mais cotados para assumir o comando da Petrobras e o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, esteja sendo tratado como uma "solução emergencial" para ocupar a presidência da petroleira, fontes próximas à presidente Dilma Rousseff informavam, na noite de ontem, que ela pode lançar mão de uma "surpresa".

Dilma corre contra o tempo para encontrar alguém com credibilidade no mercado para reerguer a Petrobras, mas ganhou, na quinta-feira (5) dois novos obstáculos: a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para apurar desvios na Petrobras e a nona etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Os dois elementos reforçam o que é apontado nos bastidores como o maior empecilho para se encontrar um substituto para a atual presidente, Graça Foster: o risco do surgimento de irregularidades ainda não detectadas.


A presidente passou o dia fazendo contatos, auxiliada mais de perto pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A intenção do Planalto é anunciar a nova diretoria hoje, na reunião do Conselho de Administração da estatal, em São Paulo - na qual será formalizada também a saída de cinco diretores e da própria Graça. Dilma deixou cedo o Planalto, antes das 18 horas, mas foi ao Palácio do Alvorada e deu prosseguimento às reuniões com sua equipe de coordenação política.


Mercado


O presidente da Vale, Murilo Ferreira, estava em alta em Brasília por causa da boa reputação no mercado, além de contar com o apoio integral de Mercadante e com a simpatia e reconhecimento de Dilma por ter assumido a Vale, depois da saída de Roger Agnelli. Ferreira é apontado também como alguém capaz de fazer mudanças fortes na condução da Petrobras, produzindo um efeito semelhante ao que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, gerou em relação à política econômica.


Além disso, Ferreira teria mais dificuldade em recusar a missão de chefiar a Petrobras nesse momento de incertezas do que outros executivos de mercado. Isso porque ele está na Vale, uma empresa que tem entre seus principais acionistas os fundos de pensão das estatais federais. Assim, o poder de pressão do Planalto sobre ele é um pouco maior.


O nome de Coutinho, que já integra o Conselho de Administração da Petrobras, também continuava entre os cotados, mas sempre tratado como um nome-tampão. Coutinho conta com o apoio da demissionária Graça Foster, para quem o sucessor deve ser alguém que conheça a empresa.


Na indefinição, outros nomes continuavam no páreo: Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora; o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles; e Paulo Leme, presidente do Goldman Sachs. Interlocutores muito próximos de Dilma asseguravam que estes nomes estavam descartados e um dos assessores ligados à presidente insistia que "vai ser uma surpresa quando o nome for anunciado".


Pré-sal


Em sua única aparição pública no dia, a rápida e discreta cerimônia de posse do novo ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, Dilma destacou a importância do pré-sal e de transformar a reserva em um "passaporte" para a "qualidade educacional". Ela, porém, não mencionou a estatal em momento algum do discurso. O cerimonial do Palácio do Planalto organizou uma cerimônia relâmpago em uma das salas do terceiro andar do prédio, onde fica o gabinete de Dilma.


Diante de tantas incertezas, ainda havia dúvidas se a presidente anunciaria apenas o nome do presidente da estatal ou se informaria também outros integrantes da diretoria. Ontem, os representantes da União no Conselho da Petrobras, entre eles os ex-ministros Guido Mantega e Miriam Belchior, reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir a troca de comando da estatal, que deverá ser o principal tema da reunião de hoje. O balanço de 2014 da empresa não está na pauta.

Na quarta-feira, 4, horas depois de acertar com a presidente um cronograma para sua saída, no final deste mês, Graça Foster renunciou. Cinco dos sete diretores não aceitaram o cronograma estabelecido entre a executiva e Dilma e assinaram a carta de renúncia. Ficaram de fora João Elek, da recém-criada Diretoria de Governança, e José Eduardo Dutra (Serviços). Colaboraram Laís Alegretti, Nivaldo Souza, Rafael Moraes Moura e Fernanda Nunes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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